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O Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (SINCERV) divulgou recentemente que a indústria cervejeira é um dos principais motores da geração de empregos e retomada econômica do país. (Foto: Envato Elements)

Mercado de cerveja cresce e artesanais estão em plena expansão

Por: Pádua Martins | Em:
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Loura, ampola, breja, pão líquido, gelada, véu de noiva, suco de cevada, capa branca, mofada. Os nomes são muitos e mudam de acordo com as regiões brasileiras (e estados). Mas, o fato é que a cerveja, uma das bebidas preferidas dos brasileiros – talvez a primeira –, ganha cada vez mais popularidade, consequentemente maior consumo. O Brasil é um grande produtor, ocupando o terceiro lugar em todo o mundo.


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Em 2021, o País vendeu 14,3 bilhões de litros da bebida. Este ano, a estimativa é de que as vendas cheguem a 15,4 bilhões de litros, significando aumento de 8%, conforme estudo do Euromonitor International. Caso o aumento se consolide, o crescimento (anual) do setor será o quarto consecutivo.

No ano passado, na volta do consumo fora de casa, o crescimento foi de 9,2% em relação a 2020, enquanto o consumo residencial aumentou 5,4%, isso depois de ter subido 17,6% em 2020.

O Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (SINCERV), entidade que representa o setor há mais de 70 anos, divulgou recentemente que a indústria cervejeira é um dos principais motores da geração de empregos e retomada econômica do país: movimenta 2% do Produto Interno Bruto (PIB) e gera mais de dois milhões de empregos diretos, indiretos e induzidos.

De acordo com o Sindicato, o setor está evoluindo, tanto em quantidade como em qualidade, com aumento de cervejarias e produtos em clara expansão do mercado. Em 2021, o total de novos produtos registrados apresentou elevação de 5,2% em relação a 2020, ou seja, foram 1.178 opções a mais. Atualmente, o Brasil possui 35.741 produtos em cervejaria, a grande maioria – 10.104 – em São Paulo.

Em plena pandemia de coronavírus (Covid-19) em 2021, o número de estabelecimentos produtores de cerveja cresceu 12%, atingindo a marca de 1.549 contra as 1.383 cervejarias registradas no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

No ano passado foram registradas 200 novas cervejarias e 34 cancelaram seus registros, ou seja, aumento líquido de 166 produtores de cerveja. Vale observar que os números são de cervejarias devidamente registras. A quantidade das chamadas ilegais é bem superior.

O mercado da cerveja no Ceará

A maioria, o equivalente a 63,2%, das cervejarias registradas no Ceará, está concentrada em Fortaleza, com 22 estabelecimentos, o que coloca a capital cearense na 14ª posição dos municípios que apresentam maior número de cervejarias (10 ou mais), conforme o Anuário da Cerveja 2021 do Mapa.

Fortaleza é o único município do Nordeste a figurar entre os 19 com maior número de cervejarias do Brasil. O primeiro é o município de São Paulo, com 51 (15% em relação ao estado), seguido por Porto Alegre (RS), com 43 (15,1%), e Curitiba, com 25 estabelecimentos (15,8% em relação ao estado, Paraná). Na 19ª colocação está Vila Velha, no Espírito Santo, com 10 estabelecimentos (17,5%).

O estudo do Ministério da Agricultura também mostra o número de estabelecimentos por estados. Neste caso, o Ceará, com 22 cervejarias, ocupa a 11ª posição em 2021 com relação a 2020. São Paulo, em 2021, segue sendo a Unidade da Federação com maior número de estabelecimentos registrados, com a marca de 340 cervejarias, posição que já ocupava em 2020. São Paulo também se destaca com maior aumento (55 cervejarias) em relação ao ano anterior.

Crescimento das cervejas artesanais

E na onda do crescimento do mercado, as cervejas artesanais, que oferecem uma bebida diferenciada (geralmente são puro malte e sabores diversos) ganham cada vez mais adeptos. Aliás, as grandes cervejarias, talvez movidas por esse novo segmento (artesanais), passaram a ofertas “louras” puro malte e de variados tipos. O certo mesmo é que é muito prazeroso beber, só ou acompanhado, uma excelente cerveja. Tim-tim ou saúde!

Carol Zilles, sommelière de cervejas e administradora da Cervejaria Capitosa, garante que o mercado de cervejas artesanais está em plena expansão há pelo menos 20 anos no Brasil e em vários outros países.

“E essa é uma mudança de paradigma de consumo que veio para ficar. E por uma simples razão: as cervejarias artesanais apresentam ao público um novo e intrigante universo de sabores, aromas, cores e histórias, ao resgatar diversas receitas produzidas em diferentes partes do mundo ao longo da história”.

Carol Zilles e Fernando Chaves em frente à Cervejaria Capitosa (Foto: Arquivo Pessoal)

Além disso, ela observa que as artesanais buscam inovações em velocidade muito maior do que as grandes indústrias. “Quem começa a beber cerveja artesanal e conhecer novos estilos que gosta, dificilmente deixa de buscar novidades e de consumir”. Ela cita outra razão para o crescimento: é um mercado de empresas relativamente pequenas, com donos apaixonados pelo produto, com distribuição e atendimento locais, o que consequentemente torna a empresa mais acessível e o atendimento mais personalizado, facilitando a fidelização do cliente.

Os consumidores – ressalta – esperam que as empresas proporcionem uma experiência de consumo que se identifique não só com suas necessidades imediatas, mas também com seu estilo de vida, com seus valores. “Por isso, não basta oferecer um produto de qualidade. As empresas precisam investir genuinamente nos valores da marca, na personalização do atendimento, nas histórias relacionadas aos produtos, na sustentabilidade ambiental e social. E as cervejas artesanais atendem a essas demandas”.

Sommelière de cervejas Bia Amorim (Foto: Hugo Battaglion)

Bia Amorim, sommelière de cervejas e que trabalha com a Associação Brasileira das Cervejarias Artesanais (Abracerva) – entidade criada em 2013 que reúne as empresas da cadeia da bebida, cervejarias, cervejarias ciganas, sommeliers, fornecedores, pontos de venda e apoiadores da cerveja artesanal – concorda com a Carol Zilles.

Ela afirma que realmente o setor de cervejas artesanais tem crescido e faz parte de uma onda que acontece desde o ano de 2010. “O produto artesanal ganhou força na última década. Mais diversidade, variedade de sabores e uma cultura muito interessante, que apresenta mais do que apenas uma cerveja, carrega junto história e tantos outros elementos de aprendizagem”.

No pós-pandemia – conta – o setor de artesanais tem tentado retomar do ponto onde estava em 2019. Acredito que o delivery se fortaleceu muito e deve se manter mais ativo. Em 2023 o mercado deve continuar crescendo.

“A tendência das cervejarias é abrir espaço para o que chamamos de ‘brasilidade’, onde elementos como frutas, madeiras, meles, raízes, ervas e microorganismos nacionais tragam para a cerveja artesanal um traço mais nacional, com o que chamamos de ‘terroir’ trazendo essa personalidade para os sabores”.

Defensora de uma mudança na tributação, que hoje impacta em muito as cervejarias artesanais, Bia Amorim chama a atenção para o fato de não existir definição legal para cervejaria artesanal, microcervejaria, nanocervejaria e brewpub.

“Do ponto de vista do Mapa, tais estabelecimentos estão sujeitos a exatamente as mesmas regras e procedimentos de registro como qualquer outra cervejaria, ainda que existam legislações em outras esferas para fins de zoneamento, licenciamento ou tributação”.

Bia Amorim, sommelière de cervejas

Para ela, as dificuldades do setor são várias. Apesar de chamar a cerveja de artesanal, ela é uma indústria. O custo de montar uma fábrica é bastante alto, os equipamentos demandam tecnologia, espaço, investimento em manutenção, matéria-prima importada, custos logísticos e a grande vilã, que é o complexo sistema de tributação – entende.

Fica difícil crescer com tantos entraves. Além disso, a profissionalização é também um fator urgente. “Precisamos de mais profissionais qualificados para toda a cadeia cervejeira. Do campo ao copo é preciso que o ecossistema da cerveja artesanal possa inovar, entregar um produto final perfeito”.

O custo de uma cerveja artesanal – explica – é muito maior do que uma cerveja mainstream (convencional). Isso porque emprega matéria-prima de alta qualidade, processo mais demorado, maior sabor, melhor textura, muito mais complexidade e uma experiência deliciosa e cheia de cultura. Apesar dos entraves, o Brasil é o Novo Mundo cervejeiro.

“Trabalhamos com um produto que é altamente taxado (por ser alcóolico) e que depende de insumos importados, o que nos coloca a mercê da variação cambial e de inúmeras e complexas regras tributárias. Empreendemos em um país que tem uma logística extremamente intrincada e cara, o que dificulta muito a distribuição de produtos frescos como o nosso. Não existe uma concorrência saudável entre grandes e pequenas indústrias, o que torna nossa capacidade de expansão comercial muito limitada”.

Carol Zilles, administradora da Cervejaria Capitosa

Já a sócia-administradora da Brewstone Pub, Carolina Alencar Veras Starrett, que considera o mercado cada vez mais promissor, também chama a atenção para os muitos gargalos enfrentados pelos empresários do setor, como o elevadíssimo custo da matéria-prima, que é importada; a flutuação do dólar e as próprias dificuldades para impostação. “A questão das dificuldades se agrava mais ainda pelo elevado custo de energia, que impacta na produção; a elevada taxa de impostos e até do vasilhame (vidro). Especificamente no último caso a empresa optou pela latinha”, ressalta.

A Brewstone Pub foi inaugurada em 2019, iniciando com cinco tanques de 500 litros (2,5 mil litros no total) e que em apenas três anos a capacidade passou para 7,5 mil litros, ou seja, crescimento de 200%. A empresa está localizada na Rua Marvin, 1029, no Parque Manibura, em Fortaleza. O funcionamento é quarta e quinta, das 12h às 23h; sexta e sábado, das 12h às 00h; e domingo, das 12h às 22h. Instagram: @brewstonepub.

A Cervejaria Capitosa foi construída do zero, em um terreno de cinco mil metros quadrados, na Lagoa Redonda, por Fernando Chaves, sommelier de cervejas e mestre cervejeiro, e Carol Zilles, também sommelier de cervejas e administradora. A inauguração da fábrica e do Bar aconteceu em maio de 2021. A Capitosa tem capacidade para a produção de 20 mil litros de cerveja/mês, embora hoje sejam produzidos 16 mil litros/mês (logo no início foram três mililitros/mês, atendendo basicamente a necessidade do próprio Bar da Fábrica).

A cervejaria tem cinco rótulos de linha e outros sazonais. O Bar da Fábrica da Capitosa funciona às 5ª e 6ª feiras, das 17h às 23h, e aos sábados das 12h às 00h, no mesmo galpão da cervejaria, na Lagoa Redonda (Av. Recreio, 1210 – Fortaleza/CE) Instagram: @cervejariacapitosa e site: capitosa.com.br.

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