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Cauina é a junção de “cauin” – bebida primitiva indígena – com a cajuína, bebida típica nordestina e muito apreciada. (Foto: Divulgação)

Conheça a Cauina: primeiro espumante genuinamente cearense produzido a partir do suco de caju

Por: Pádua Martins | Em:
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“Oui, nous avons du champagne… Désolé, du vin mousseux!” ou no bom e velho português “sim, nós temos champanhe… desculpe, espumante!” E o nome dele é bem original: Cauina. Para ser considerada champagne, a bebida tem de ser produzida na região do mesmo nome, na França (mas aí já é outro assunto que, no momento, não interessa). O fato é que o espumante genuinamente cearense é uma bebida “arretada” de boa, feita com o suco do caju, fruta que todo “cabra da peste” gosta. Cauina é a junção de “cauin” – bebida primitiva indígena – com a cajuína, bebida típica nordestina e muito apreciada. A produção do espumante, feita pela empresa Alquimista da Caatinga, começou em 2020, com um total de 50 garrafas (750ml). Hoje, são produzidas, por ano, três mil unidades, ou seja, crescimento de 6.000%. O produto, inclusive, já está presente nos melhores restaurantes do Brasil.


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A meta, até 2025, é crescer mais 200%, ou seja, chegar a nove mil garrafas, perspectiva que pode ser ainda maior, de acordo com Vicente Monteiro, desenvolvedor do espumante e proprietário da Alquimista. Ele afirma que a produção atual é distribuída para todo o Brasil e a estimativa de crescimento é viável, pois “o produto é altamente escalável por conta da escolha de um fruto que já tem uma cadeia produtiva pronta e que, na verdade, sofre com o desperdício do suco de caju todos os anos. Mas, para crescer é necessário trabalho de comunicação e marketing assertivo”. Mercado para a bebida existe, prova disso é que em pouco tempo a produção aumentou significativamente – garante.

A empresa tem hoje capacidade tecnológica para produzir variados tipos de bebidas, até mesmo tendo o caju como base, mas para comercialização está disponível a Cauina, que é um espumante Brut, que o empresário chama de Sertão ao invés de Brut, embora ele pense em colocar outras variações da bebida, como demi-sec e suave. “Estamos focando todas as nossas fichas no Cauina, pois a nossa intenção é que este produto subsidie a criação de novos em um futuro próximo. A Cauina tem inscrição de patente, é uma marca registrada e possui 10% de volume alcoólico. O valor da safra de 2021 (a atual) é de R$ 109,00 a garrafa para o consumidor final. Mas temos valores para atacado também” – informa.

Ele acredita que existe no Brasil mercado para crescimento da marca, pois o próprio setor dos vinhos está indicando esta realidade. “O brasileiro vem se interessando por vinhos naturais, que é parte deste movimento revolucionário de resgate de bebidas tradicionais que ocorre pelo mundo, como na França, Portugal, Itália e Espanha”. Essa tendência faz com que o consumidor busque entender mais dos produtos disponíveis e, por consequência, se mostra interessado em experimentar vinhos de grandes variedades de frutas que existem. A diversidade brasileira tem um enorme potencial neste quesito. Monteiro afirma que a Alquimista está estudando novos produtos, mas não pode falar sobre eles. Prefere guardar segredo sobre seus planos.

O empresário defende, com propriedade, que o espumante Cauina é um vinho. A legislação brasileira segue as legislações de outros países, que asseguram o uso exclusivo deste nome para vinhos produzidos com uva, procedente da Vitis vinifera. Mas, nem todos os países têm essa legislação que ele considera protetiva. “É importante lembrar que as legislações são mecanismos de proteção ao consumidor, mas também serve de exclusivismo a certos setores que nem se ligam à nossa cultura. Penso que deveríamos ter feito leis que conseguissem proteger os nossos alimentos tradicionais, assim como os outros países fizeram”. A Cauina – frisa – passa pelos mesmos processos produtivos de vinificação.

Entraves

Sobre as dificuldades para a produção do espumante, Monteiro diz que a principal foi financeira, investimento. Para contornar essa realidade, ele procurou se associar a pequenos investidores paulistas, conseguindo, dessa forma, o suficiente para aumentar a produção.“Sabemos que nos falta muito em termos de comunicação de uma forma geral. Sabemos também que a ampliação da produção precisa de um aporte maior, que não temos acesso ainda. Nós também achamos essencial fazer uma pesquisa mais ampla com relação a terroir junto a Embrapa, órgão que visitamos e que conversamos sobre parcerias”.

Mesmo diante de muitos entraves, a Cauina está chegando aos restaurantes mais premiados do Brasil. Como exemplo, cita o “Maní”, da chef Helena Rizzo, em São Paulo, e o “Origem”, da chef Lisiane Arouca e do Fabrício Lemos, em Salvador. Estamos presentes nas cinco regiões do Brasil, em diversos restaurantes e empórios. E ele passa uma boa dica para aproveitar ao máximo o espumante cearense: o produto harmoniza muito bem com peixes, lagosta, frutos do mar de um modo geral, queijos, doces e, por ter uma acidez gostosa, também pode ser usado em alguns alimentos mais untuosos para limpar o palato. A temperatura ideal é entre quatro e oito graus centígrados.

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O espumante começa, na verdade, a ser feito na terra, com a escolha de produtores que não utilizam agrotóxicos, que tenham um cuidado no cultivo e na colheita. O caju é comprado diretamente de pequenos produtores, que recebe um valor um pouco superior que o de mercado. “Temos projetos para financiar estes agricultores para que suas produções sejam melhoradas, além de suporte técnico”. No coração da Alquimista da Caatinga existe também um acordo de retorno financeiro, tanto para o agricultor, como para projetos de reflorestamento da Caatinga. Cinco por cento lucros serão destinados a estes fins.A ideia de produzir um espumante surgiu por acaso, em 2018, quando Vicente Monteiro teve um projeto selecionado pela Escola de Gastronomia Social Ivens Dias Branco, cuja temática era encontrar leveduras nativas da caatinga e transformar estas células autóctones em um produto comercial de alta tecnologia. No final do projeto – conta – houve uma festa “onde servi cervejas, pães e uma sidra de caju feita às pressas, com leveduras nativas. “A bebida foi um sucesso e dei continuidade aos estudos culturais e técnicos para a produção de uma bebida que fosse toda com ingredientes locais. No final de 2019, o caju foi escolhido”.

A pesquisa para a criação da Cauina foi feita em uma parte teórica, que durou cerca de um ano, e outra parte prática, desenvolvida em uma cozinha industrial cedida pela Tia Nilza Mendonça (chef autodidata e referência em gastronomia). Isso fez surgir a empresa Alquimista da Caatinga, que é uma P&D de produtos de origem do bioma caatinga. Os interessados podem adquirir o produto diretamente. Basta acessar o Instagram da empresa. Então, vamos brindar: tim-tim.

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