Logotipo Oficial Trends

CONECTANDO NEGÓCIOS A INVESTIMENTOS

Search
Close this search box.
healthtechs crescem no brasil

Nos últimos cinco anos, o total de healthtechs no Brasil duplicou e hoje soma mais de mil, de acordo com pesquisa Healthtech Report Brasil/2022. (Foto: Envato Elements)

Healthtechs crescem no Brasil e mercado é cada vez mais promissor

Por: Pádua Martins | Em:
Tags:,

O avanço acelerado das novas tecnologias tem causado mudanças profundas em vários setores da economia. E um deles é a área da saúde, sobretudo a partir da pandemia do coronavírus (Covid-19). O crescimento das chamadas healthtechs, ou seja, empresas de tecnologia voltadas para a área da saúde, tem sido observado em todo o mundo. Em alguns países com muita velocidade e em outros nem tanto. Mas, o mercado tem atraído cada vez mais investimentos e nos próximos anos sua expansão será ainda maior.


Quer receber os conteúdos da TrendsCE no seu smartphone?
Acesse o nosso Whatsapp e dê um oi para a gente.


Somente nos últimos cinco anos, o total de healthtechs no Brasil duplicou e hoje soma mais de mil, de acordo com pesquisa do Distrito Healthtech Report Brasil/2022. O levantamento revela que, entre 2016 e 2020, metade das startups de saúde foram abertas e que em 2015 eram 265. Como consequência da elevação, os investimentos também passaram por incremento.

O valor investido no setor, desde 2020, representa 72,3% do total na última década. A pesquisa mostra que, em 2019, foi registrado maior parte do investimento, isso em relação aos anos anteriores, mas durante a pandemia os aportes foram maiores em 5,1% em 2020 e de 37,1% em 2021.

E segundo estudo do Global Market Insights, o mercado, até 2025, deve alcançar o tamanho de US$ 504 bilhões. A área, no Brasil, ainda está na fase inicial, mas justamente por isso oferece grandes oportunidades para investimentos. É, sem dúvida, um dos segmentos mais promissores, ainda mais porque as healthtechs unem tecnologia e saúde.

Healthtechs divididas em 35 categorias

A Startupi, tendo como base relatório da Liga Ventures, rede de inovação aberta que conecta startups e grandes empresas para geração de negócios, com apoio da PwC Brasil, mostra que as healthtechs brasileiras estão divididas em 35 categorias, sendo as principais: gestão de processos (6,92%); planos e financiamento (6,54%); bem-estar físico e mental (6,15%); buscadores e agendamentos (5,96%); exames e diagnósticos (5,77%); saúde no trabalho (4,23%); inteligência de dados (4,23%); capacitação, informação e educação (3,85%); infraestrutura para telemedicina (3,65%); prontuário, prescrição e triagem (3,46%); marketplace de medicamentos e equipamentos (3,46%).

Já com relação ao ano de fundação das startups, 36% foram criadas entre 2019 e 2022. Sobre os investimentos no setor, é possível ver que foram realizados 38 deals entre janeiro de 2022 e junho de 2023, que movimentaram R$ 1,3 bilhão. As startups de planos e financiamento (24%), infraestrutura para telemedicina (16%) e buscadores e agendamentos (14%) tiveram a maior participação no montante total investido no período.

O levantamento também aponta as regiões com maior distribuição de startups ativas. No primeiro lugar do ranking está São Paulo (50%), seguido de Rio de Janeiro (8%), Minas Gerais (8%), Rio Grande do Sul (7%), Santa Catarina (5%), Paraná (5%), Pernambuco (3%), Espírito Santo (3%), Goiás (2%) e Ceará (2%). Outro dado interessante se refere à análise da maturidade das startups mapeadas, onde 34% são emergentes, 30% estão estáveis, 24% são nascentes e 12% delas disruptivas.

Novas tecnologias permitem a escala de soluções

O médico Rafael Kenji, CEO da FHE Ventures, diz que o uso de novas tecnologias na área da saúde permite a escala de soluções criadas para resolverem problemas latentes enfrentados pelo setor da saúde. Dentro do setor de equipamentos e tecnologias de ponta, a grande maioria do investimento é direcionada ao tratamento de condições clínicas e cirúrgicas, além do diagnóstico, liderado por grandes empresas como Philips, Siemens, GE Healthcare e mais recentemente com investimento das bigtechs Apple, Meta, Amazon e Microsoft.

“Já na área da inovação, as chamadas healthtechs, ou startups de saúde, ganharam escala, desenvolvendo softwares que permitem a resolução de problemas latentes na sociedade, divididas em grandes categorias, como a telessaúde, prontuário eletrônico, inteligência artificial e big data, marketplace em saúde, wellness e bem-estar, dentre outros.”

Rafael Kenji, CEO da FHE Ventures

Quanto ao número de healthtechs no Brasil, Rafael Kenji afirma que, segundo o último mapeamento, realizado em 2022, já são mais de mil, número que atualmente se aproxima das 1.500 startups de saúde mapeadas. Mas esse número – observa – pode ser bem maior, pois o mapeamento é feito por hubs de inovação e não por órgãos de registro das empresas, como as Juntas Comerciais, que fazem o registro dos CNPJs.

Sobre qual o ramo da saúde mais impactado pelas novas tecnologias no mundo e no Brasil, Kenji informa que, atualmente, o uso da Inteligência Artificial tem se destacado, com um ganho expressivo no ramo da medicina diagnóstica e preditiva, focada em identificar padrões de adoecimento e prevenir agravos em saúde. Dados da OMS demonstram que a cada R$ 1,00 gasto com prevenção, outros R$ 4,00 são economizados com tratamento, além do ganho imensurável de qualidade de vida, aumento da expectativa de vida e de produtividade dos indivíduos afetados.

crescimento das healthtechs no Brasil

Rafael Kenji observa que não existe limite para o avanço do uso das tecnologias, já que elas são criadas para resolver problemas enfrentados pelos setores, sempre com o foco em apoiar o setor e melhorar a qualidade do serviço. Sempre existirá um problema a ser resolvido, na área da saúde e em todas as áreas.

“As healthtechs tendem a crescer cada vez mais, com um volume ainda bem grande de investimento, mesmo que esse crescimento seja desacelerado, devido a diversos fatores como a inflação, a crise financeira internacional e conflitos como o da Ucrânia, Síria, Iêmen, Afeganistão e alguns outros conflitos que também interferem no desenvolvimento internacional, e como consequência, no direcionamento de recursos.”

Rafael Kenji, CEO da FHE Ventures

Ele ressalta que sempre que existe uma grande necessidade de investimento em algum setor, a inovação acontece. “Na saúde, essa inovação é – infelizmente – impulsionada por pandemias e guerras, que geram uma crise global e muitas vezes humanitária, que precisam ser resolvidas com urgência, gerando mais celeridade no setor para resolver esses grandes problemas, e com maior escala”.

Para concluir, Rafael Kenji frisa que o foco do desenvolvimento de soluções inovadoras na saúde precisa seguir três principais pontos: acesso, informação e equidade. Com esses três focos, é possível atingir o conceito do Triple Aim, melhorando a qualidade do serviço, evitando custos desnecessários e desperdícios, além de melhorar a saúde de forma global.

Perguntado se as novas tecnologias podem trazer desemprego no setor de saúde de forma geral, ele é categórico: Não. “As tecnologias são criadas para apoiar os setores, além de melhorar a qualidade do serviço e o acesso. O mercado precisa se adaptar, de modo a utilizar as novas tecnologias, não ter medo de uma substituição da força de trabalho”.

Tecnologias melhoram acesso aos serviços

Gabriella Bruno, Gestora do ICC Biolabs, hub de inovação em saúde do Grupo ICC, entende que a saúde, dentre muitas outras das áreas, é a que mais causa preocupação, tanto para o indivíduo, que quer viver mais e melhor, como para as instituições que são provedoras de saúde, como hospitais e centros de saúde, sejam estes públicos ou privados. “Quando falamos de inovação nessa área, falamos de tornar mais fácil a vida do paciente e/ou facilitar a entrega da manutenção da saúde pelos provedores da mesma”.

“Trata-se de tecnologias para melhorar o acesso a serviços de saúde, melhoria de processos dentro de ambientes hospitalares, gestão de sistemas de saúde, gestão e segurança de dados de saúde, novas formas de próteses e órteses, redes de clínicas com modelos de negócios inovadores, pesquisa e desenvolvimento de novas abordagens terapêuticas, digitalização da saúde, monitoramento de sinais vitais em tempo real, o cuidado remoto, medicina personalizada, predição genética de doenças hereditárias, medicina preventiva, terapias alternativas e acompanhamento da jornada do paciente.”

Gabriella Bruno, gestora do ICC Biolabs

Autoatendimento, Inteligência artificial, telemedicina, internet das coisas, biotecnologia, análise preditiva e plataformas digitais são as tecnologias mais encontradas na área da saúde a nível mundial. No Brasil – ressalta Gabriella Bruno – a transformação digital na saúde está caminhando a passos mais acelerados nos últimos três anos, com a regulamentação da telemedicina, além da comprovação que o surgimento rápido de novas tecnologias para a saúde pode ser eficaz, a exemplo da vacina nacional para a Covid-19.

Gabriella explica que a inovação em saúde no País está em ênfase juntamente com o setor de educação. Ela cita que o relatório Healthtech Report 2022 da Distrito revela que, entre 2016 e 2022, foram criadas 60% das 1.023 startups de saúde, o que indica que o cenário nacional é de empresas jovens que tem muito a amadurecer e um mercado que ainda tem muitas oportunidades de crescimento e surgimento de novas startups. A criação de hubs de inovação especializados da área da saúde, como ICC Biolabs, Eretz Bio, confirma um olhar das grandes instituições de saúde mais voltado para investimentos em inovação e anuncia que o setor no Brasil tem a crescer mais ainda nos próximos anos.

“No Ceará, segundo mapeamento de 2022 realizado pelo Sebrae, temos 58 startups da área da saúde. No ecossistema de inovação cearense a saúde é sempre uma pauta muito observada e, além do ICC, outras corporações como Unimed e Pague Menos estão olhando para a área da inovação, sobretudo para o Venture Building (organizações que criam, validam e aceleram diversas startups simultaneamente).”

Gabriella Bruno, gestora do ICC Biolabs

As novas tecnologias para o setor da saúde – afirma Gabriella – tendem a encurtar o processo de diagnóstico, tratamento e jornada do paciente quando precisa de um cuidado mais próximo com a saúde. Além de incentivar a predição e prevenção de doenças. “Hoje vemos operadoras de saúde, como a Liv Saúde, voltadas para o cuidado integrado, personalizado e preventivo”.

Como um case sobre saúde digital, ela cita a parceria entre a Liv Saúde e a Pague Menos, na qual o convênio oferece o Pronto Atendimento Digital, utilizando a teleconsulta, dentro das farmácias Pague Menos do Ceará, possibilitando ao paciente um cuidado mais próximo, mais prático e tecnológico, sem perder a humanização.

“Outra tecnologia que chama muita atenção e que é aplicada no Hospital Haroldo Juaçaba é a predição de doenças hereditárias, principalmente a oncogenética, que consegue dar uma previsão sobre a existência de cânceres hereditários, de forma que o paciente pode realizar um protocolo de prevenção e detecção da doença de uma forma precoce” – informa.

Hoje, no Ceará e no Brasil, segundo a gestora do ICC Biolabs, dentre as áreas que mais têm impacto (com as novas tecnologias) são gestão de hospitais e clínicas, o diagnóstico personalizado, a gestão de dados de saúde, abordagens de prevenção e tratamento de doenças, engajamento do paciente ao tratamento, assistência remota e monitoramento de pacientes.

Sobre as vantagens das novas tecnologias, ela afirma que, para o cliente, é possível observar, de uma forma geral, a melhoria da sua saúde e bem-estar. Para o fornecedor do serviço pode-se destacar visibilidade, aumento da porção do mercado que a solução abrange e o próprio valor financeiro que se paga pela solução.

Pandemia da Covid-19 X Inovação

A pandemia trouxe sérios prejuízos inenarráveis, muitas vezes insuperáveis, em escala global – analisa Gabriella. Para o cenário da inovação em saúde houve pontos que favoreceram alguns processos, a exemplo da regulamentação da telemedicina, que veio com a pandemia e acelerou a entrada dessa modalidade de atendimento nos sistemas de saúde. Afinal, até 2020, a possibilidade de telemedicina direta médico-paciente não era permitida por lei.

A situação extraordinária obrigou o governo a emitir um decreto temporário para permitir esse tipo de serviço. Outra inovação oriunda da pandemia foi a regulamentação das assinaturas médicas eletrônicas, introduzida pela Medida Provisória nº 983/2020, que possibilitou as prescrições eletrônicas para a compra de medicamentos controlados.

Em cenários de crise, a inovação acaba sendo uma grande aliada – opina. “Então, o foco em gerar soluções rápidas e eficazes em saúde foi agregador para as startups da área. Analisando os outros setores, identifica-se uma desaceleração no número de startups sendo fundadas, porém, por conta das circunstâncias impostas pela Covid-19 no setor da saúde, o número de healthtechs aumentou e a expectativa é de que aumente ainda mais” – acredita.

Saiba mais:

Healthtechs: inovação para resolver problemas da saúde

Segmento de healthtechs movimentou US$ 344 milhões em 2021

A tradução dos conteúdos é realizada automaticamente pelo Gtranslate.

Top 5: Mais lidas