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A partir da preservação ambiental, projetos desenvolvidos no semiárido abrem as portas para grandes oportunidades socioeconômicas na caatinga. (Foto: Freepik)

Preservação da caatinga fortalece desenvolvimento rural sustentável

Por: Maria Babini | Em:
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Único bioma exclusivamente brasileiro, a caatinga marca presença em diferentes estados, como Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Maranhão e Minas Gerais, mas é no Ceará que ocupa a maior parte do território, somando uma área total de 844.453 km². Essa extensão também alcança a biodiversidade da caatinga, que possui características socioeconômicas peculiares.


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Apesar de ser um tipo de formação florestal que só existe no Brasil, a caatinga tem sido um dos biomas mais degradados, segundo Adriano Batista, diretor executivo da Agência de Desenvolvimento Econômico Local (Adel), e por isso é tão importante cuidar dela. “A Adel vem trabalhando ações, projetos com escolas públicas, tratando desse tema de preservação da caatinga como tema transversal ao currículo formal, no contraturno. Para que esses estudantes, desde cedo, possam ter esse conhecimento, esse convívio, essa consciência sobre a importância que esse bioma tem para essa região, para esse País e, por que não dizer, para o mundo”, pontua.

A Adel é uma organização sem fins lucrativos que tem como missão promover o desenvolvimento local de comunidades rurais no Sertão do Nordeste brasileiro, por meio do empreendedorismo e do protagonismo social de jovens e agricultores rurais.

Outra entidade não governamental que atua há mais de 22 anos para defender o bioma prevalentemente nordestino é a Associação Caatinga. A instituição trabalha na gestão sustentável da água e saneamento, através de ações desenvolvidas com 40 comunidades, a partir da conservação de nascentes na região com alternativas que possibilitam o desenvolvimento local sustentável.

A Associação Caatinga também faz a gestão da Reserva Natural Serra das Almas, a maior reserva particular do patrimônio natural do Estado do Ceará, com mais de 6.200 hectares do bioma preservado, considerado um verdadeiro santuário ecológico. “Mas não se trata apenas de proteger a natureza. Nós buscamos oportunidades melhores para o sertanejo. Maneiras de mostrar como é possível o convívio saudável, harmonioso e próspero do sertanejo com o semiárido e com a nossa floresta, a caatinga”, destaca a Associação.

Impacto social e ambiental

Durante sua história, a Associação Caatinga já envolveu diretamente mais de 3.600 famílias em ações socioambientais de convivência com o semiárido e também ajudou na criação de 25 unidades de conservação. Além disso, fortaleceu a proteção de espécies ameaçadas de extinção, como a onça parda e o tatu-bola.

Entre as conquistas da Associação, estão o desenvolvimento de 1.168 tecnologias sustentáveis, o envolvimento de mais de 11 mil pessoas em ações de educação ambiental, o que evitou a emissão de pelo menos 800 mil toneladas de CO2 na atmosfera. Isso rendeu à entidade 11 prêmios para colecionar até então.

“É importante destacar que a população que vive na caatinga precisa, cada vez mais, entender o seu valor. A caatinga tem uma importância sociocultural muito grande, pelas culturas dos povos que vivem ali. Também tem uma importância econômica na geração de renda, como é o caso da criação de abelhas nativas”.

Adriano Batista, diretor executivo da Adel

Ele cita ainda que o local é fonte de matéria-prima como frutos silvestres, forragem, fibras e plantas medicinais, produtos essenciais para o sustento das comunidades tradicionais e, através do uso sustentável, pode garantir o bem-estar e a permanência das famílias no campo.

Outro ponto destacado pelo diretor executivo da Adel é a importância ambiental do bioma na preservação da biodiversidade, que é riquíssima, e na preservação da água e do solo, na fixação do carbono da atmosfera e na redução do efeito estufa. “Por tudo isso, podemos dizer que a caatinga, em pé, tem uma importância muito grande”, continua. 

Mais um aliado importante no desenvolvimento sustentável do semiárido é o Centro de Estudos do Trabalho e de Assessoria ao Trabalhador (Cetra), uma Organização da Sociedade Civil (OSC) que foi criada em 1981 e hoje atua em diversos territórios, como os Vales do Curu e Aracatiaçu, Sertão Central, Sobral, Inhamuns, Ibiapaba, Maciço de Baturité e Sertões de Canindé. A entidade trabalha com agricultores e agricultoras familiares, adultos e jovens.

Nessas localidades, o Cetra vem desenvolvendo projetos e ações para implantação de tecnologias sociais, como a captação de água da chuva, e ações voltadas para a chamada socioeconomia solidária. Ou seja, o centro oferece apoio para cooperativas de crédito rural, feiras agroecológicas e solidárias e ainda a adoção do Fundo Rotativo Solidário (FRS), uma espécie de poupança comunitária para fortalecer a agricultura familiar, que funciona a partir de uma gestão coletiva.

Empreendedorismo rural

Uma das linhas de atuação da Associação Caatinga é a restauração florestal, com produção de mudas de espécies nativas do bioma. Atualmente, a entidade trabalha para atender, principalmente, as demandas dos projetos que executa. O coordenador Samuel Portela destaca que essa linha de produção e plantio pode se tornar uma fonte de recursos caso alguém queira empreender no ramo.

“Porque há uma carência, por incrível que pareça, de mudas. São poucas as pessoas que produzem. Seria um ponto pra se pensar em termos de empreendedorismo. Tem muita procura”.

Samuel Portela, coordenador da Associação Caatinga

A produção de uma muda demora, no mínimo, cinco meses para ficar no ponto de entrar em campo, o que exigiria um planejamento de quem decidisse apostar nessa demanda. 

A Adel ressalta que há forte presença humana na caatinga, com cerca de 27 milhões de pessoas vivendo no ambiente, o que torna necessário pensar em estratégias de produção sustentável no bioma. A partir desse olhar, a associação tem apoiado jovens agricultores e agricultoras no empreendedorismo rural.

De acordo com Adriano, há jovens empreendedores que desde cedo aprenderam técnicas erradas de convivência com a caatinga, como desmatamento para plantação, queimadas, retirada da mata ciliar do entorno dos rios que vai matando os olhos d’água, importantes para a população que mora nesses locais.

Com o tempo, essa visão foi mudando através de capacitações na Adel. Há quem se especializou na criação de abelhas, com foco em abelhas nativas na caatinga e, hoje, é defensor da natureza, reflorestando sua propriedade e multiplicando essas ideias para outras pessoas, comunidades e territórios em torno de onde vive. “Isso é muito importante porque essas pessoas vão criando uma onda de conscientização a respeito da importância que a caatinga tem e como vamos viver de forma sustentável com esse bioma”, enfatiza Adriano.

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