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A inteligência da engenharia brasileira aliada às soluções criativas e inovadoras das construtechs permitirá um enorme salto tecnológico à cadeia produtiva desta indústria nacional. (Foto: Envato Elements)

Engenharia digital como oportunidade às construtechs

Por: Gladis Berlato | Em:
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O mercado da construção civil no Brasil está aberto a soluções criativas que combatam os gargalos para a melhoria da eficiência. Segundo a consultoria McKinsey&Company, a produtividade média da mão-de-obra no setor foi de apenas 1% ao ano, nos últimos 20 anos, o que se contrapõe aos quase 3% da economia mundial.


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Problemas de um lado, soluções de outro. O mapeamento da Terracotta identificou 702 constutrechs ativas no País, um crescimento de 23% em relação ao estudo anterior e de 180% sobre o primeiro acompanhamento feito em 2017, multiplicando, juntamente com as proptechs, o acerto de soluções digitais para construtoras e incorporadoras.

transformações no mercado imobiliário

A inteligência da engenharia brasileira aliada às soluções criativas e inovadoras das construtechs, as startups voltadas à construção civil, permitirá um enorme salto tecnológico à cadeia produtiva desta indústria nacional. Este é um dos caminhos efetivos para garantir maior eficiência, a começar pelo projeto nas velhas pranchetas em papel (agora digitais), passando pela operação nos canteiros de obras e chegando à edificação final de excelência ao usuário. Sonho? Não, realidade possível e disponível, o que abre oportunidades aos investidores em startups.

No olhar de quem acompanha de perto a evolução da engenharia nacional, o especialista em inovação tecnológica, Alexandre Quinze, co-founder e CEO da Trutec, um ecossistema de soluções que conecta construtechs para transformar a indústria da construção civil por meio da tecnologia, é um dos que acredita que há um enorme potencial a ser explorado junto a empreendedores que pensam saídas para pequenas e grandes dores, as construtechs.

Também professor da Fundação Getúlio Vargas, Quinze reforça o alerta aos investidores: a oportunidade está aberta para um mercado com muito a resolver e visto como um “oceano azul” de possibilidades não exploradas.

“O objetivo da tecnologia é transformar toda a cadeia construtiva, com processos automatizados e muito mais eficientes a todos os agentes, sabendo que em tempos de crise a diferenciação se torna ainda mais essencial”.

Inteligência do escritório ao canteiro

Hora de substituir projetos em papel por QRCode. Com este objetivo é que Diego Mendes, CEO da ConstruCode, desenvolveu uma plataforma para gestão e armazenamento de documentos que conecta projetistas e times de campo, automatizando todo trabalho repetitivo e identificando com antecedência possíveis conflitos de informação. O software de gestão se propõe a eliminaros erros ocasionados por projetos desatualizados, ampliar a rastreabilidade dos dados e aumentar a eficiência no canteiro de obras.

Ele, que também integra a Trutec como COO, já coleciona cases bem-sucedidos de clientes dentre as mais de 2.140 obras no país. Uma delas é o Essência Perdizes, da construtora R. Yazbek, de 158 unidades, onde foram contabilizados 25.729 acessos gerais à plataforma. O número é significativo para este tipo de empreendimento quando se sabe que uma única obra vertical em São Paulo pode gerar mais de 120 mil impressos e gastar quase R$ 200 mil em plotagens.

Com a plataforma, é possível evitar, em média, 12 toneladas emitidas de CO² e preservar até 34 árvores por obra finalizada. No total, as obras digitalizadas pela empresa já economizaram 250 milhões de metros quadrados de papel. As 70 mil árvores que deixaram de ser destruídas agradecem e a natureza idem.

Sentinela

O sistema de gestão de documentos (GED) da ConstruCode promove a digitalização dos canteiros de obras e o acesso online e offline às plantas através de código QR, conectando desde projetistas até o time de campo, sem necessidade de solicitar plotagens toda vez que cada projeto é revisado. O engenheiro Diego Mendes, que antes foi analista de sistemas, diz que um ambiente vivo, como o da construção civil, exige absoluto alinhamento das informações. Para isso foi desenvolvida uma espécie de sentinela que, em tempo real, alerta todas as mudanças a cada integrante de uma obra.

Essa foi a rotina aplicada, por exemplo, na Usina Termelétrica Novo Tempo, de Campos dos Goitacazes (RJ), com mais de 2000 pessoas operando no modo digital e onde foi possível entregar a obra com uma redução de 83% no consumo de papel. O caminho, já seguido por oito a cada 10 edificações prediais, começa a ser trilhado também por obras especiais como usinas eólicas, mineração e barragens.

Construtechs com foco na melhoria de gestão

O professor titular da Universidade Federal do Ceará (UFC), José de Paula Barros Neto, recomenda atenção ao interessante papel desempenhado pelas construtechs e suas soluções tecnológicas através de plataformas ou aplicativos, em geral focados na melhoria da gestão. Para garantirem resultados mais robustos e rápidos, agregam as práticas de inteligência artificial, realidade virtual ampliada, uso de drones e tecnologias de aprendizagem de máquinas.

“A quebra de resistência à inovação nas corporações mais tradicionais acontece justamente porque as soluções atacam problemas existentes com ganhos diretos ou redução de gastos”.

A seu ver, o Brasil ainda está defasado em relação ao mundo. Além da baixa produtividade da mão-de-obra, o País enfrenta, ainda, os acanhados investimentos em obras de infraestrutura, segmento integrado pelas grandes empresas que, em tese, têm maior fôlego financeiro e lideram o processo de modernização. Na indústria imobiliária, onde o Brasil tem evoluído mais, o diferencial – favorável aos incorporadores – está no menor custo de pessoal quando comparado com Europa e Estados Unidos.

Barros Neto também levanta a questão dos novos materiais e dos processos construtivos e cita como exemplo o fato de o Brasil utilizar predominantemente estruturas em concreto (80 a 90%) e não as metálicas que, da mesma forma que os pré-fabricados, agilizam o ritmo da obra e são de maior facilidade na movimentação e montagem.

“Carecemos de um maior grau de industrialização em todo o processo, o que pode ser recuperado a partir de soluções ágeis e criativas”.

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