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As micro e pequenas empresas (MPE) são responsáveis por mais de 93% dos empregos com carteira assinada gerados no Ceará. Entre os setores econômicos que mais contribuíram para a geração de empregos no Estado, no primeiro quadrimestre deste ano, destaca-se o de Serviços. (Foto: Freepik)

Pequenos negócios geram mais de 93% de empregos no Ceará

Por: Anchieta Dantas Jr. | Em:
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Apesar de quase a metade (49%) das micro e pequenas empresas (MPEs) brasileiras terem sofrido impactos negativos devido à crise gerada pela pandemia de Covid-19, segundo aponta pesquisa da Serasa Experian, ainda assim, esses empreendedores acreditam que o momento acabou abrindo espaço para novas oportunidades e aprendizados. Cenário que vai ao encontro de outro estudo, desta vez do Sebrae, apontando que foram exatamente os pequenos negócios os responsáveis por mais de 93% dos empregos com carteira assinada gerados no Ceará no primeiro quadrimestre deste ano.


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De acordo com a pesquisa da Serasa Experian, para 38% dos empresários consultados, a crise abriu espaço para aprender novas modalidades de vendas, enquanto 33% acreditam que o momento permitiu empreender e inovar. Ao mesmo tempo, outros 33% aproveitaram para rever parcerias e fornecedores.

Entretanto, as oportunidades geradas pela crise, destaca o levantamento, não pararam por aí: 26% dos empreendedores começaram a aplicar estratégias de acordo com o perfil dos clientes; outros 26% passaram a investir em novas tecnologias; e 21% deles citaram que ganharam mais tempo para focar em planejamento e gestão. Fora os 49% que afirmam ter sofrido os efeitos negativos da crise, 36% disseram não ter tido perdas e 15% conseguiram ter um saldo positivo no período.

Para o articulador da Unidade de Inteligência Estratégica do Sebrae Ceará, Felipe Melo, diante do cenário de pandemia, tais oportunidades foram, na verdade, a necessidade de um posicionamento das pessoas e das empresas a fim de poderem permanecer ativas no mercado. “Todos tiveram que tomar uma posição. Isso tem muito a ver com a gana do brasileiro do correr atrás e de que não dá para desistir”, pontua.

“Além disso, no cenário de crise, empreender acabou sendo uma saída. Para se ter uma ideia, considerando dados de dezembro de 2020, identificamos um aumento de quase 50% no que chamamos de empreendedorismo recente, ou seja, aquelas pessoas que resolveram empreender. Embora muitas grandes empresas consolidadas tenham fechado as portas, as pessoas que foram demitidas viram que poderiam abrir um novo negócio, facilitado, sobretudo, pela condição de microempreendedor individual, o MEI”.

Felipe Melo, articulador da Unidade de Inteligência Estratégica do Sebrae/CE

De fato, emenda o consultor empresarial Kleber Leite, diretor da Bratt Consultoria, o momento ensejou, além de oportunidades, o que se pode chamar de “sair da zona de conforto”. “Com a pandemia, as empresas entraram em um terreno desconhecido. O desemprego trouxe a oportunidade do empreendedorismo e as empresas que já existiam tiveram que se reinventar, deixando de lado o mito de que em time que está ganhando não se mexe”, afirma.

Ao mesmo tempo, pondera, “é muito mais fácil para as micro e pequenas empresas virem oportunidades para crescer em um momento de crise do que as grandes empresas”.

“As micros e pequenas empresas costumam apresentar um crescimento mais lento, pois muitas ainda não investem em tecnologia. Contudo, com a pandemia, esses pequenos negócios tiveram que fazer algo novo e foi justamente a adoção da tecnologia que fez com elas enxergassem novas oportunidades e crescessem bem mais que os grandes, que já a utilizavam”.

Kleber Leite, diretor da Bratt Consultoria

Ele ainda ressalta que “os micro e pequenos empresários viram também a importância do planejamento para o seus negócios, que planejar não é perda de tempo. Vide que, segundo a pesquisa da Serasa, 21% deles citaram que ganharam mais tempo para focar em planejamento e gestão”.

Protagonismo da digitalização nas MPEs

Como bem resume, Cleber Genero, vice-presidente de Pequenas e Médias Empresas e Identidade Digital da Serasa Experian, “o grande desafio dos pequenos negócios foi continuar operando” e a digitalização foi importante nesse processo. “A digitalização aconteceu de forma sem precedentes, pelo nível e velocidade, mas ainda com muitas dificuldades, com as pessoas aprendendo no decorrer do processo. Não foi feito de uma forma planejada. As empresas, na verdade, se adaptaram ao contexto”, afirma.

Tanto que, ainda de acordo com a pesquisa da Serasa, a principal mudança estrutural promovida pelas pequenas empresas foi a alocação de recursos para trabalhar e atender de forma remota, mencionada por 53,2%, seguida pelos investimentos em tecnologia para as vendas não presenciais (51,7%).

“Uma boa parcela dos micro e pequenos empresários começou a perceber que há ferramentas acessíveis para facilitar a comunicação, se aproximar e conhecer melhor os clientes e que a clientela não é massiva, cada cliente é único”, destaca Felipe Melo, do Sebrae Ceará.

“Dessa forma, com o acesso à tecnologia e a novos métodos, as MPEs viram a necessidade de entender comportamentos, identificar a persona do seu negócio e a se planejar mais, pois o ambiente digital tira o empresário do operacional, permitindo trabalhar melhor e de forma mais rápida com clientes, fornecedores etc.”, fala.

Nessa direção, aponta Kleber Leite, da Bratt Consultoria, “o pequeno empresário voltou sua atenção para as redes sociais, para o e-commerce e as plataformas de marketplace, adicionando novos canais de vendas”. “As MPEs entraram em um novo momento: o da informação e do planejamento”, dispara.

Conforme disse, outro ponto importante é o fator custo. “Ao adotar a tecnologia, os pequenos empresários perceberam que além da funcionalidade, eles também deixariam de ter determinados custos. Viram que não há necessidade de grandes estruturas para operar, o que dá mais fôlego financeiro para investir nos pontos chave do seu negócio. São mudanças que vieram para ficar. Ninguém vai voltar a fazer as coisas como se fazia antes”, destaca.

Outro aspecto positivo, complementa Melo, é o fato de que a intensificação da digitalização é a porta de entrada para galgar o movimento de transformação digital nas MPEs.

Capacidade de geração de renda

Ainda como saldo positivo das oportunidades e aprendizados gerados pela crise, e que resultou em um maior crescimento dos pequenos negócios na comparação com os de maior porte, registra-se a geração de empregos.

As micro e pequenas empresas foram responsáveis por um saldo positivo de 18.754 empregos com carteira assinada nos quatro primeiros meses de 2021. É o que aponta recente levantamento feito pelo Sebrae com base nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério da Economia, que leva em conta a relação entre admissões e demissões realizadas no período no país.

Os dados mostram ainda que os pequenos negócios contribuíram com 93,6% do saldo de empregos formais do Ceará no somatório dos meses de janeiro, fevereiro, março e abril deste ano. Entre os setores econômicos que mais contribuíram para a geração de empregos no Ceará entre as micro e pequenas empresas, no primeiro quadrimestre do ano, destaca-se o de Serviços, com um saldo de 8.242 empregos. Em seguida aparece a Indústria com 4.353 empregos, o Comércio com 2.644 empregos e a Construção Civil com um saldo de 2.603 empregos.

“Mesmo em um cenário de enormes dificuldades trazidas pela pandemia, os pequenos negócios estão dando uma resposta mais rápida do que as grandes empresas, sendo responsáveis por quase a totalidade dos empregos com carteira assinada gerados no estado nos primeiros quatro meses do ano”

Joaquim Cartaxo, superintende do Sebrae/CE

Segundo, Felipe Melo, da Unidade de Inteligência Estratégica do Sebrae Ceará, os números mostram que a recuperação econômica está ligada à capacidade de geração de renda por meio das micro e pequenas empresas. “Enquanto a crise significa, necessariamente, corte de gastos com pessoal e intensificação da automação em grandes empresas, os pequenos negócios possuem uma relação necessária com a empregabilidade e a geração de mão-de-obra para a sua recuperação. Os números nos mostram que, apesar do sofrimento social e econômico, nosso empresariado mantém o otimismo”, afirma.

Com o que concorda Kleber Leite, da Bratt Consultoria. “Diferentemente dos grandes negócios, as MPEs precisam de pessoal para crescer. E, no período da pandemia, apesar de também aderirem à tecnologia, elas começaram a absorver os funcionários dispensados das médias e grandes empresas. Ao mesmo tempo, tivemos o aumento do empreendedorismo, com a abertura de novos negócios. Então, houve essa migração para os pequenos negócios, com as pessoas ou sendo funcionários ou tornando-se empresários”, justifica.

“Além disso, a economia brasileira tem em sua maioria micros e pequenas empresas. Então, nada mais natural que essa participação puxe a geração de empregos. E como as oportunidades de empreender e de crescer foram maiores para os pequenos negócios, consequentemente maior é a geração de empregos nessa parcela das empresas”, conclui.

Cenário nacional

Em nível nacional, o levantamento do Sebrae mostra que as micro e pequenas empresas geraram 677.459 novos empregos no primeiro quadrimestre de 2021. Esse número representa 70,72% do total de empregos gerados no período no Brasil. A exemplo do que aconteceu no Ceará, em âmbito nacional o setor de Serviços também foi o que mais criou vagas entre os pequenos negócios neste período, com 266,7 mil novos postos de trabalho formais.

As cinco atividades que apresentaram maior saldo líquido na geração de empregos no país foram transporte rodoviário de carga, serviços de escritório e apoio administrativo, locação de mão de obra temporária, serviços de engenharia e serviços para apoio a edifícios. Em segundo lugar na geração de novas vagas ficou o setor da Indústria, com 160,2 mil postos de trabalho; seguido do Comércio, com 114,6 mil; depois a Construção Civil, com 98,6 mil e a Agropecuária, com 28,7 mil.

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