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saúde cada vez mais inovadora

As tecnologias da saúde são norteadoras do futuro da medicina, pois determinam as transformações que estão e vão acontecer. (Foto: Envato Elements)

Saúde cada vez mais inovadora: do chip no corpo à telecirurgia robótica

Por: Pádua Martins | Em:
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As novas tecnologias têm impactado todos os setores da sociedade e numa velocidade surpreendente. E a saúde não está fora disso. Muito pelo contrário, pois está em constante evolução. A pandemia da Covid-19, que se por um lado ceifou a vida de milhões de pessoas no mundo, por outro impulsionou a medicina, que passou a fazer uso crescente de práticas que até então, mesmo inovadoras, eram pouco utilizadas, como a telemedicina, por exemplo. Ao mesmo tempo alavancou investimentos em tecnologias cada vez mais avançadas.


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As mudanças vêm em decorrência de vários conhecimentos em ciência da computação, telecomunicações, biologia molecular e muitas outras. As tecnologias da saúde, atuando de maneira integrada, são norteadoras do futuro da medicina, pois determinam as transformações que estão e vão acontecer.

As principais tendências que vão orientar a medicina do futuro podem ser resumidas em quatro pilares, conforme aponta publicação da Vivo Meu Negócio: digitalização da clínica (passo importante para aplicar tecnologias de ponta); Foco na prevenção (monitoramento, transformando a medicina curativa em preventiva); Acompanhamento à distância (telemedicina e seu aprimoramento); e Personalização do atendimento (dados coletados de cada indivíduo).

As inovações na medicina e as transformações vão ser proporcionadas, sobretudo, por cinco áreas, adianta a análise. A primeira pela Internet das Coisas (IoT), que é um dos principais pilares do setor, inclusive ela deverá entrar no corpo humano, através de chips. Pesquisa da Data Bridge Market Research, de dezembro de 2022, denominada “Global Internet of Medical Things Market”, revela que essa indústria vai apresentar crescimento anual, até 2029, de 23,9%, chegando o setor ao total de US$ 270,40 bilhões (em 2021, o segmento era avaliado em US$ 48,69 bilhões).

A segunda, a Inteligência Artificial (IA), considerada de suma importância para a medicina de precisão, principalmente no processamento de dados como base para a definição de diagnósticos e tratamentos. Robótica e 5G, que vão proporcionar um grande avanço, inclusive no que tange a telecirurgia robótica. A Biotecnia também é determinante para a medicina do futuro, sobretudo no campo das células-tronco, genética, manipulação cromossômica e muito mais.

E por fim, tão importante quanto, a Nanomedicina, trazendo vários benefícios para a saúde humana através da manipulação da matéria (liberação controlada de fármacos, novos métodos de diagnósticos, dentre outros).

De acordo com o ARC do Sheba Medical Center, o maior hospital de Israel, são cinco as principais tendências de tecnologia na saúde até 2030 que vão impactar diretamente na forma de operar das redes públicas e privadas. A sigla ARC significa, em inglês, aceleração, redesign e colaboração.

Setor é segundo mais investido no Brasil e no mundo

O setor da saúde é o segundo mais investido no Brasil e em todo o mundo, perdendo apenas para o segmento financeiro, que possui as chamadas fintechs – afirma o médico Rafael Kenji, CEO da FHE Ventures, acrescentando ser o mercado cada vez mais promissor. “O mundo atingiu a marca de oito bilhões de habitantes, podendo chegar a um pico de 10,4 bilhões em 2080 e permanecendo neste número até 2100, quando tende a cair, de acordo com estudos da Organização das Nações Unidas”. Cada vez mais rápido é possível ter acesso a novas tecnologias, com o preço mais acessível, alterando, inclusive, a cultura de consumo.

“A globalização encurtou não apenas o acesso a informação e a troca de conhecimento, mas também a difusão de novidades e intercâmbio entre pessoas, empresas e culturas diferentes. O setor da saúde, por sua vez, é um dos principais beneficiados, já que as dores do mercado são compartilhadas e as pessoas tendem a ter padrões de adoecimento e necessidades de atendimento semelhantes, com pequenas variações de acordo com fatores genéticos, alimentares e comportamentais.”

Rafael Kenji, CEO da FHE Ventures

Ele observa que a pandemia acelerou não apenas o desenvolvimento das tecnologias, mas também aumentou o investimento nelas, já que passaram a existir necessidades urgentes a serem solucionadas, como as mortes em decorrência da doença e suas complicações. Esse aumento do investimento acontece com maior força em momentos de guerras e pandemias. O grande exemplo foi a velocidade do desenvolvimento, testagem e aprovação de novas vacinas e medicamentos, que demoravam décadas.

As áreas que mais se beneficiarão da tecnologia são as voltadas ao diagnóstico precoce e prevenção – informa, citando que dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) estimam que, para cada R$ 1,00 gasto com prevenção, outros R$ 4,00 deixam de ser gastos com tratamento. Quando comparado do tratamento de condições avançadas e crônicas, a diferença é ainda maior, podendo chegar a centenas de vezes.

Diversos aspectos – entende – devem ser considerados na comparação entre prevenção e tratamento, como os custos envolvidos, qualidade de vida e recuperação do paciente,a percepção do indivíduo com a jornada do seu cuidado e seus aspectos biopsicossociais.

“Um paciente com uma condição crônica ou avançada, além de ser caro para o sistema, com tratamentos longos e dispendiosos, possui uma baixa qualidade de vida, que impacta diretamente todos os setores associados à sua condição, como até mesmo o mercado de trabalho. Um paciente em idade produtiva que deixa de trabalhar para passar por um tratamento gera impacto direto na economia. Fora as discussões sobre doenças incapacitantes e aquelas com alta taxa de mortalidade” – ressalta.

Justamente pensando nesse tipo de benefício, algumas startups estão crescendo de forma exponencial,como a Ubuntu Med, que realiza teste de sangue oculto nas fezes para detecção precoce de câncer colorretal, e a Hi Healthcare, que analisa custo-efetividade dos sistemas de saúde, em busca de desperdícios e melhorias na jornada do usuário – reforça.

Indagado sobre quais áreas na saúde vão ser mais impactadas pelas novas tecnologias, ele acentua que, no futuro, serão as chamadas deeptechs, ou startups que utilizam tecnologia complexa, como microssensores e estimuladores cerebrais, como a startup Neuralink, do bilionário Elon Musk, que arrecadou US$ 280 milhões em agosto de 2023.

“Já num futuro próximo, de três a cinco anos, um investimento expressivo é esperado na inteligência artificial, para além da IA generativa, que tem como grande referência a empresa Open AI, com a tecnologia do ChatGPT, que já é utilizado na saúde para apoio na tomada de decisões” – acentua.

É necessário vencer os desafios

Rafael Kenji, no entanto, diz que existem desafios a serem vencidos no uso da tecnologia de ponta na área da saúde e são aqueles envolvidos ao tripé do acesso, informação e equidade. “Quanto mais complexa a tecnologia, mais difícil dela chegar a todas as pontas, beneficiando mais rápido e de forma mais direta aqueles que possuem capacidade de adquiri-la. Este é um grande desafio para os países em desenvolvimento, a partir do investimento em pesquisa e inovação”.

Sobre se o Brasil está preparado para as inovações, inclusive no âmbito acadêmico, ele acredita que, mesmo com um novo perfil, o profissional da saúde ainda não é preparado para utilizar e desenvolver novas tecnologias dentro das Universidades. A diferença é tão grande, que demos um nome para o “médico do futuro”, o chamado médico 4.0, que nada mais é que o profissional atento e preparado para utilizar as novas ferramentas de trabalho, tecnologias, habilidades e conhecimentos em gestão, marketing, vendas e liderança.

“Quando falamos em inovação e tecnologia no setor da saúde, temos principalmente três grandes fatores, que são o acesso, a informação e a equidade, com todos interligados. Quando a população está mais informada, ela exige mais seus direitos e entende melhor seus deveres em toda a jornada do cuidado, contribuindo para a melhoria do acesso. Chegando a áreas remotas ou com menor disponibilidade do cuidado, melhoramos a oferta de acordo com a necessidade da população e as demandas do mercado. Com maior demanda e oferta, os preços caem e tecnologias muitas vezes inacessíveis para a grande maioria das pessoas se popularizam.”

Rafael Kenji, CEO da FHE Ventures

Acesso à saúde no Brasil é caro

O IBGE divulgou que, em 2021, foram gastos R$ 711,4 bilhões, ou 9,6% do PIB, com despesas totais de saúde pelos brasileiros, com uma média mensal de R$ 1.271,65 – pontua. Para ele, o acesso à saúde no Brasil ainda é caro e a percepção desse gasto gera desconforto na população, já que ao mesmo tempo que se gasta muito com saúde, apenas 10% da população brasileira considera sua saúde como boa ou ótima, de acordo com estudos da Associação Nacional de Hospitais Privados (ANAHP).

Muito dessa percepção – explica – está no entendimento de que a saúde é a ausência de doença. “Este conceito antigo foi mudado pela própria OMS, que considera todos os fatores biopsicossociais como importantes e determinantes para a saúde”, como saúde mental, religiosidade, relações interpessoais, trabalho e família como importantes para o equilíbrio entre uma boa saúde física, mental e emocional. “O entendimento da percepção do conceito amplo de saúde estimula hábitos de prevenção, muito mais baratos. E com maior e mais duradouro impacto” – garante.

Saúde pública caminha a passos largos

No Brasil, o setor público caminha a passos largos para a adequação de seus serviços utilizando a tecnologia, principalmente após definições sobre saúde digital, com uma estratégia própria para isso, a chamada E-Saúde. Desde o início de 2023, foram destinados recursos para a contratação de tecnologias na saúde, principalmente para prevenção de agravos e diagnóstico precoce. O Novo PAC, apresentado pelo Governo Federal, direciona valores para o desenvolvimento de biotecnologia e modernização da saúde no Brasil – informa.

No entanto, ele chama a atenção para o fato do Brasil, por ser um país de tamanho continental, levar acesso, informação e equidade para a totalidade da população é desafiador, mesmo com a tecnologia aliada a tais estratégias. Existem diferentes realidades dentro das próprias regiões brasileiras. 

O Marco Legal das Startups e a Lei de Inovação e Transferência de Tecnologia, aprovadas há alguns anos, facilitam não apenas o desenvolvimento de tecnologias, mas também o investimento e a associação entre setores público, privado e terceiro setor – enfatiza.

Israel e EUA são as referências

No setor da saúde, as grandes referências são Israel e os Estados Unidos, com as cidades de Boston e São Francisco como as mais evoluídas em desenvolvimento de tecnologias, devido a presença de empresas e Universidades, como Harvard, MIT e Stanford.

A grande diferença entre os países mais desenvolvidos no desenvolvimento de tecnologias em saúde se dá pelo investimento dos setores privado e público na inovação, com bilhões de dólares investidos na criação de novas tecnologias, análises de custo-efetividade dos sistemas de saúde, e, principalmente, na prevenção frente ao tratamento.

Essa referência está estimulando médicos, executivos em saúde e gestores brasileiros a visitarem os centros de referência, como o Boston Healthcare Innovation Program, organizado pela startup Academy Abroad, que leva dezenas de médicos à cidade americana para conhecer a realidade das Universidades, startups e hospitais. No Brasil, hospitais como o Albert Einstein eo Sírio Libanês também realizaram algumas visitasao ecossistema de Israel nos últimos anos – conclui.

Tecnologia surge como qualificadora de sistema de saúde

Diego Costa, especialista em Gestão em Saúde, professor universitário e presidente da Sociedade Brasileira de Pesquisas e Inovações em Saúde (Sobrapis), afirma que os sistemas de saúde podem e devem se beneficiar das atuais potencialidades tecnológicas do mundo. Justamente por ser setor com desafios e gargalos ainda a resolver, como, por exemplo, no combate às patologias infecciosas, acesso da população aos serviços e unidades de saúde, déficits na realização e entrega de diagnósticos e exames, dentre outros.

“A tecnologia surge como qualificadora do sistema, maximizando processos e podendo acelerar demandas totalmente humanas na atualidade, através de softwares, aplicativos, teleconsulta e outros” – opina. Para Diego, as áreas que vão ser mais beneficiadas com as novas tecnologias são exames e diagnósticos através do aprendizado de máquina e inteligência artificial com a predicação diagnóstica, teleconsulta e atendimento virtual, além da nanotecnologia farmacêutica.

Os maiores impactos vão ocorrer na realização de cirurgias, consultas a distância e informatização de dados por meio dos prontuários eletrônicos, exigindo requalificação e treinamento profissional – acredita, sobretudo com utilização da humanização como foco do atendimento, mesmo com as máquinas sendo facilitadoras do processo o paciente ainda deve ser o centro.

“O principal desafio é a informatização dos dados, a exemplo o Brasil sendo um dos países do mundo que mais produz dados em saúde, passíveis de serem estudados e aprimorados como previsão do futuro. No entanto, o sistema público ainda não aprimorou e uniu seus diversos sistemas, além do acesso universal à internet nos diferentes contextos territoriais. No mais, é necessário pensar no ensino profissional, que pouco é pautado para o futuro. As graduações formam profissionais da saúde tradicionais e com pouca base tecnológica.”

Diego Costa, presidente da Sobrapis

Ele reconhece que houve avanços com relação a preparação para as inovações atuais e futuras, mas que ainda enxerga desafios com relação a preparação dos profissionais (academias), pois as graduações são“bastantes pautadas na patologia dos pacientes, como sendo eles apenas doenças, havendo pouco pensamento crítico, científico e inovador no que diz respeito a promoção da saúde e prevenção de doenças, que é base da formação tecnológica do futuro”.

Quanto a existência ou não de diferenças entre o setor publico e o privado, no que tange a preparação e utilização das novas tecnologias, Diego assegura que existe um espaço a ser enfrentado, pois o sistema privado está um pouco mais à frente quando investe mais em espaços de inovação de saúde, formação profissional e parcerias estratégicas. Mas o “nosso sistema público também vem avançando, com políticas de fomento e setores estratégicos”.

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