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As medidas de isolamento social, necessárias na tentativa de conter o avanço da pandemia da covid-19 no Brasil e no mundo, se por um lado ajudaram a preservar vidas, por outro, trouxe reflexos negativos com o fechamento do comércio, indústria e serviços. Enquanto cientistas correm contra o tempo para encontrar uma vacina, economistas e gestores […]

Ceará tem expectativa de apresentar maior crescimento econômico do que o Brasil

Por: Anchieta Dantas Jr. | Em:
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As medidas de isolamento social, necessárias na tentativa de conter o avanço da pandemia da covid-19 no Brasil e no mundo, se por um lado ajudaram a preservar vidas, por outro, trouxe reflexos negativos com o fechamento do comércio, indústria e serviços. Enquanto cientistas correm contra o tempo para encontrar uma vacina, economistas e gestores públicos e privados contabilizam os custos deste episódio para a economia.

O resultado até agora inverteu todas as estimativas positivas existentes no fim de 2019 e início deste ano, tanto para a atividade econômica nacional como cearense, medida por meio do Produto Interno Bruto (PIB). O indicador representa a soma de todos os bens e serviços finais produzidos em uma região, durante determinado período.


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Em setembro deste ano, o Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece) publicou o resultado do PIB do Estado para o segundo trimestre de 2020. No período, o indicador teve queda de 14,55% na comparação com igual período de 2019, quando o índice ficou em +1,53%. No país, o PIB apresentou decréscimo de 11,4% em igual intervalo de tempo.

No acumulado do ano, ou seja, de janeiro a junho de 2020, o PIB mostra que a economia cearense encolheu 7,58%, enquanto a nacional -5,9%.
Contudo, próximo a encerrar o ano, o Ipece aponta que existe a expectativa de o Ceará virar o jogo e apresentar uma queda menor na sua economia do que a prevista para o Brasil. De acordo com o Instituto, o PIB do Ceará deverá fechar 2020 com uma redução de 4,35% (em junho a previsão era de -4,92%), inferior, por sua vez, à projetada para o Brasil pelo Ministério da Economia, que é de -4,5% (antes -5,11%).

“Os principais indicadores econômicos mensais e no acumulado do ano, mostram uma retomada mais forte da economia cearense em comparação à nacional. Em dezembro teremos as divulgações do PIB do terceiro trimestre de 2020, tanto para o Brasil quanto para o Ceará, o que poderá corroborar os resultados destas estatísticas”.

Nicolino Trompieri Neto, coordenador de Contas Regionais do Ipece e professor de Economia da Universidade de Fortaleza (Unifor)

De fato, explica o economista Célio Fernando, da BFA Assessoria em Finanças e Negócios, embora os primeiros dois trimestres tenham sido mais difíceis, fruto, principalmente, dos altos índices de contaminação e da implantação de medidas de isolamento social, as expectativas para os últimos dois trimestres de 2020 é de uma recuperação acentuada.

“Normalmente, a volatilidade do PIB cearense se mostra mais agressiva. Ou seja, quando a economia brasileira se retrai, a economia cearense se retrai ainda mais. Da mesma forma, em sentido contrário, quando a economia nacional recrudesce, a economia cearense recrudesce muito mais. Nesse contexto de pandemia é possível que a ciclicidade tenha dois cortes no mesmo ano, o primeiro semestre caindo e o segundo semestre subindo os índices de atividade econômica, produção e emprego. O balanço certamente confirmará em linhas gerais as expectativas do Ipece para o resultado do ano de 2020 como um todo”, avalia.

O que favorece o Ceará

Mas o que leva a crer que o Ceará poderá ter um desempenho melhor do que o nacional? Que aspectos podem contribuir para que o Estado venha a sofrer em menor escala os impactos da Covid-19 sobre a sua economia na comparação com o restante do país, recuperando, por sua vez, a confiança dos empresários, investidores e consumidores?

Segundo Trompieri Neto, o Ceará tem dois aspectos fundamentais a seu favor. “O primeiro é devido ao processo de reabertura gradual e responsável da economia cearense, comandado pelo governo do Estado e iniciado em junho de 2020, que de forma planejada e sem retrocessos pôde-se planejar o retorno de atividades importantes dos setores da indústria e dos serviços, dando previsibilidade e confiança aos empresários e consumidores”, fala.

Ao passo que o segundo aspecto, aponta, é a retomada dos investimentos públicos programados para o ano de 2020. “Mesmo com o aumento do gasto público na saúde e com a queda das receitas do Estado nos meses de forte isolamento social para a contenção da pandemia, o governo do Ceará pôde manter o cronograma de investimentos a partir da reabertura das atividades econômicas, dado o equilíbrio fiscal que o Estado vem apresentando durante muitos anos”, completa o coordenador de Contas Regionais do Ipece.

Nesse sentido, Célio Fernando lembra que o planejamento feito junto com as entidades de classe, da indústria, do comércio e serviços e do agronegócio ajudou bastante. De acordo com ele, alguns aspectos foram fundamentais. “Como o benefício do auxílio emergencial que atingiu um grupo muito superior ao do Bolsa Família, além de ações assistenciais específicas para grupos mais vulneráveis, tais como vale gás, bolsa merenda, pagamento de luz, na forma de um programa de renda contracíclico, favorecendo o consumo das famílias”, emenda.

Ele ressalta ainda as medidas de flexibilização de encargos e de suspensão e redução da carga de trabalho, juntamente com a movimentação da área de desenvolvimento econômico do Estado do Ceará na atração de novos investimentos que estão sendo anunciados em plena crise. O economista destaca o retorno mais imediato da atividade da construção civil, do agronegócio, alimentos e do comércio varejista, principalmente, dos supermercados, como contribuição positiva da retomada da economia estadual.

Taxas de crescimento do valor adicionado por setores e ativdades selecionadas no Ceará

Retorno das atividades econômicas

Para Trompieri Neto, a construção civil está sendo beneficiada pelo grande aumento em reformas residenciais, em decorrência da mudança de comportamento das famílias que passaram a conviver a maior parte do tempo em casa, por conta do isolamento social. “O setor da construção também está sendo beneficiado pela retomada dos lançamentos imobiliários, puxados pela redução dos juros no setor imobiliário, além de grandes descontos oferecidos ao consumidor. Por fim, temos os investimentos públicos em obras de infraestrutura, que também vêm aquecendo esta atividade”, afirma.

Já na indústria, alguns segmentos merecem destaque. “A indústria de produtos alimentícios está sendo beneficiada pelo aumento do consumo das famílias com alimentação em casa. Temos também a atividade industrial de produção de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis. Estas duas atividades apresentam um crescimento acumulado no ano, de janeiro a setembro de 2020, em comparação com igual período do ano passado, de 15,5% e 31,9%, respectivamente, segundo a pesquisa industrial mensal do IBGE”, justifica.

O coordenador de Contas Regionais do Ipece destaca ainda que, dentre os três grandes setores da economia cearense, “a agropecuária foi o único que não registrou meses de queda, beneficiada por um ano de volume de chuvas acima da média histórica e pelo aumento no consumo de alimentos por parte das famílias”.

Apoio governamental

No âmbito federal, relata Célio Fernando, as medidas de proteção social e de apoio a empreendedores e informais têm sido mais fortes em função, principalmente, do maior leque de instrumentos à sua disposição em comparação com os estados.

“A ação estadual face a crise sanitária tem tido maiores gastos no gerenciamento do setor de saúde, sendo o Ceará um dos estados que mais testa no país e que está há mais tempo com controle dos indicadores de contágio e óbitos. Tais medidas relacionam-se diretamente com a retomada da economia, pois o controle desses índices reduz o risco de novas medidas de isolamento rígido”.

Célio Fernando, economista e sócio da BFA Assessoria em Finanças e Negócios

Nesse contexto, Trompieri Neto, do Ipece, destalha os três pilares de atuação do governo do Ceará. “O primeiro pilar é o processo de reabertura gradual e responsável da economia cearense, o que fornece previsibilidade e confiança para empresários, investidores e consumidores. O segundo é o aumento do gasto público em equipamentos e profissionais de saúde, bem como em testagem e processo de monitoramento para a covid-19, com o objetivo de não estrangular o sistema de saúde e assim não retroceder o processo de reabertura econômica. Já o terceiro pilar é o gasto público em investimentos estratégicos que fomentam o crescimento econômico do Estado”, conclui.

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