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Engana-se quem pensa que os games são apenas “coisa de criança”. Na verdade, o setor vem se destacando diante da crise mundial causada pela pandemia de forma surpreendente. De acordo com dados da Newzoo, somente em 2020, o segmento movimentou US$ 148 bilhões. Isso significa uma alta de 10% em relação aos números de 2019. […]

Tendência para mercado de games é manter crescimento nos próximos anos

Por: Maria Babini | Em:
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Engana-se quem pensa que os games são apenas “coisa de criança”. Na verdade, o setor vem se destacando diante da crise mundial causada pela pandemia de forma surpreendente. De acordo com dados da Newzoo, somente em 2020, o segmento movimentou US$ 148 bilhões. Isso significa uma alta de 10% em relação aos números de 2019. Indo na contramão dos desafios provocados pelo isolamento social, o mercado consumidor dos jogos cresceu e segue delineando fases cada vez melhores.

É o que aponta Daniel Gularte, pesquisador e curador do museu Bojogá. Para ele, “essa questão de ficar em casa foi uma das maiores contribuições, porque cada vez mais dependemos das tecnologias digitais. Foi uma mudança forte de linguagem que aconteceu. E também a possibilidade de se relacionar a partir dessas mídias. Parece que muitas pessoas acabaram gostando de experimentar ou adotar, finalmente, uma linguagem que, para elas, era estranha ou nunca tiveram interesse antes”, ele comenta.


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Para Arison Heltami, presidente da Associação Cearense de Desenvolvedores de Jogos (Ascende), a indústria de games também teve outros acontecimentos interessantes em 2020. “Apesar do faturamento maior, as empresas de desenvolvimento de jogos tiveram situações muito parecidas com as de outros setores. Por exemplo, empresas que precisavam ter toda a equipe engajada dentro dos escritórios e laboratórios tiveram problemas, projetos foram postergados. Então, ao mesmo tempo que tivemos esse benefício, até pela forma que atuamos, as empresas também sentiram o impacto”, explica.

Arison também comenta que, no caso específico do Ceará, ano passado houve um maior engajamento da indústria de jogos, situação que ele considera até atípica. “Isso aconteceu porque vários projetos já vinham sendo viabilizados em anos anteriores e deram resultado em 2020. Por isso, apesar da pandemia, tivemos resultados muito bons”, ressalta. Em 2018, quando saiu o 2º Censo da Indústria Brasileira de Jogos Digitais, o Ceará já era o estado do Nordeste com a maior quantidade de empresas na área de desenvolvimento de jogos.

Segundo Izequiel Norões, da União Cearense de Gamers (Uceg), o gamer é a pessoa aficionada por jogos, alguém que gosta tanto de jogar quanto de falar sobre o tema. Dentro desse perfil, de acordo com a 7ª edição da Pesquisa Game Brasil (PGB), ele apresenta que as mulheres são a maioria do público: são parte de 53,8% do total de jogadores. Essa liderança feminina no consumo de jogos eletrônicos se mantém desde 2016 e é considerada retrato da popularidade dos games e da sua massificação. “Ainda de acordo com a pesquisa, a maioria dos gamers têm entre 25 e 34 anos e 86,7% preferem jogar através do uso de celulares. O jogo digital é também considerado a principal forma de diversão de 64,1% dos gamers”, completa.

Mercado cearense

Quando o assunto é mercado de games, o Ceará tem vários protagonistas para contar essa história. A Associação Cearense de Desenvolvedores de Jogos (Ascende), presidida por Arison Heltami, foi formalizada em 2018 e é considerada a representação da indústria de jogos no Estado.

“Jogos não são coisas só de crianças. Temos que entender os games como potencial de mercado. A ludicidade é algo inerente ao ser humano desde o surgimento da própria cultura e civilização. Então, é importante abraçar que os jogos são uma ferramenta importante para a sociedade, tanto como entretenimento, como forma de expressão. Desenvolvedores são profissionais ultra capacitados e, definitivamente, não passam o dia inteiro jogando”

Arison Heltami, presidente da Ascende

As startups também são outro cenário que conta com a atuação dos games. Uma delas é a Go Gamers, que surgiu como plataforma online de eSports, fazendo a gestão automatizada de eventos e campeonatos relacionados aos jogos. Segundo Pedro Carvalho, CEO da empresa, em 2016, a audiência desse tipo de mercado contava anualmente com 600 milhões de pessoas. Em 2020, esse número subiu para 1,2 bilhões.

“Nesse período de pandemia, a gente teve que se adaptar mais para o online. Nosso maior desafio é encontrar investidores. Não conheço ninguém, a nível local, que tenha investido nesse setor, apesar de já existirem investimentos consolidados a nível nacional”, ele comenta. “Nossa startup é uma ideia pioneira. Praticamente, somos os únicos no mercado nisso”

Pedro Carvalho, CEO da Go Gamers

Desde seu funcionamento, em 2018, atuando apenas na região Nordeste, a Go Gamers já teve mais de 200 mil acessos. Para 2021, Pedro comenta que a empresa já tem, pelo menos, 18 eventos planejados. Já no contexto das startups, o empresário e empreendedor Ricardo Torquato também desenvolveu um produto na área de games, o InkAnimator.

“Não criamos jogos, mas construímos ferramentas que auxiliam as pessoas a desenvolverem seus próprios jogos digitais de forma mais autônoma e mais barata. Essa era uma dor que vimos no mercado, porque as ferramentas eram muito caras. Percebemos que o mercado brasileiro não era nosso principal cliente, mas sim o internacional. A maioria dos nossos feedbacks vieram da Ásia, da Europa e dos Estados Unidos. Na época, estávamos com dificuldades financeiras e não conseguimos manter o aplicativo com os feedbacks necessários. Precisávamos de um capital de giro grande, então tivemos que dar uma pausa no projeto”, resume Ricardo. Segundo ele, a maior dificuldade hoje para os empreendedores da área, principalmente no Ceará, é encontrar pessoas que queiram investir no segmento.

A The Guardian Dog Studio (TGD Studio) é uma Empresa Júnior que reúne um grupo de estudantes da Universidade Federal do Ceará (UFC) interessados em nortear no Estado a próxima geração de desenvolvedores de jogos. “Temos interesse em servir como primeira experiência no desenvolvimento de jogos. Não temos fins lucrativos. Nossos jogos são feitos, obviamente, para ter um retorno financeiro, mas esse retorno não é passado para lucro e sim utilizado para apoiar nossos projetos, pagando os custos de desenvolvimento, incluindo publicação, propaganda, além de melhorar as condições para os estudantes, melhorando ferramentas para que a gente possa produzir cada vez mais jogos melhores”, conta Bruno Oliveira, produtor executivo da TGD Studio. Em novembro de 2020, a empresa lançou o jogo mobile Super Gattai.

Daniel Gularte, pesquisador e curador do museu Bojogá, também chama a atenção para o potencial do desenvolvimento de jogos encomendados no Estado.

“São os jogos educacionais, por exemplo, que instituições do Ceará estão fomentando e buscando. Existe aqui, pelo menos, 49 segmentos da indústria que estão interessados em conhecer esse segmento. Imagina também quantos colégios, sistemas educacionais estão procurando essas soluções. Então, nesse sentido só fez melhorar. Eu espero que as pessoas estejam capacitadas para desenvolver esse lado”

Daniel Gularte, pesquisador e curador do museu Bojogá

Do lado da cultura, também existe um grande reforço para potencializar o papel de mercado dos games, não apenas como entretenimento, mas considerando seu aspecto transformador e evolutivo para as pessoas. O Museu Bojogá, projeto de Daniel Gularte, é o maior coletivo de games do Norte e Nordeste e possui, atualmente, um acervo com cerca de 1.700 itens de jogos eletrônicos. “Além disso, existem outros eventos que conseguimos fazer através da Lei Aldir Blanc. Temos uma série de coisas bem legais que os jogos estão trabalhando na cultura e no mercado”, explica.

Perspectivas para 2021

Se 2020 trouxe bons ventos para os games, a expectativa é que em 2021 as rotas estejam ainda mais a favor do crescimento do setor. Bruno Oliveira, produtor executivo da TGD Games, vê no mercado cearense uma grande oportunidade. Mas, para isso, é preciso expandir o leque de oportunidades para os estreantes na área.

“No nosso próprio curso, de Sistemas e Mídias Digitais da UFC, existem muitas pessoas interessadas no mercado, mas elas não têm uma primeira experiência para entrar nele. E nós queremos oferecer isso para os estudantes: que eles possam sair da TGD com portfólio. Queremos melhorar essas oportunidades, investindo em jogos de baixo custo para facilitar a aceitação do público, trabalhando sempre para ter uma probabilidade maior de retorno. A gente acredita que, em dois anos, o mercado terá mais jogo e irá crescer ainda mais”

Bruno Oliveira, produtor executivo da TGD Games

No caminho das startups, Ricardo Torquato destaca que 2021 será o ano para o retorno ao mercado. “A perspectiva é exatamente essa: amadurecemos, juntamos dinheiro para o nosso projeto, e agora vamos focar em ir para o mercado. A gente continua precisando de investimento, então vamos à luta”, explica.

“Ainda existe uma dificuldade grande de investimento porque o investidor vai investir em negócios que ele conhece. E nem todo mundo conhece o mercado de games. Mas o nosso Estado tem grande potencial. É importante lembrar que, atualmente, o mercado de games já fatura mais do que a indústria de cinema e a de música juntas”

Ricardo Torquato, desenvolvedor do InkAnimator

“2021 é um ano que a gente espera ter mais parcerias com o Governo e iniciativas privadas. A ideia é conseguir reforçar os contatos e desenvolver ainda mais nossos profissionais”, comenta Arison, presidente da Ascende. “Esse ano é bastante interessante porque nós, como associação, e os desenvolvedores estaremos engajados com iniciativas em prol das áreas de inovação e economia criativa. Isso vai potencializar ainda mais o resultado do desenvolvimento de jogos”, ressalta.

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