Desafios, necessidades, soluções e projeções para investir em startups

Por: Eleazar Barbosa | Em:
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Empresário do ramo aponta que há um baixo entendimento da população sobre os significados e o papel das startups. (Foto: Envato Elements)

Atualmente, no Brasil, conforme dados da Associação Brasileira de Startups (Abstartups), existem em atividade mais de 12 mil startups, sob as mais variadas matizes de utilidade. Na América Latina, somente em 2023, o setor contabilizou em investimentos, cerca de U$ 6 bilhões, segundo o portal de investidores e negócios de startups da América Latina, a Sling Hub.


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Apesar do panorama, a resistência por parte das pessoas em acatar inovação é um dos entraves, de acordo com o CEO da SolfyDiego Platini (foto), porque de forma genérica ainda há um baixo entendimento sobre o significado do conceito de startup por parte da população. O empresário esclarece que a maioria das pessoas posicionam a plataforma como uma empresa que nasceu promissora e que o dispositivo irá dominar o mundo em poucos anos.

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Diego Platini, CEO da Solfy. (Foto: Acervo pessoal)

“Muitos pensam que startups são como miniaturas de sucesso de uma grande empresa, mas na prática, elas são projetos que estão buscando a validação do seu modelo de negócio. Quando a gente entende isso, começa a perceber que as dificuldades de implementação de uma solução de startup são naturais. São desafios de uma empresa que muitas vezes cria algo fantástico, mas ainda não tem uma clareza sobre qual é a melhor aplicação para aquele produto que acabou de criar”, elucida Diego Platini.

Segundo o empreendedor, no cronograma de implantação por parte da iniciativa de um ente para aquisição e implementação da ferramenta, há probabilidade de ocorrer instabilidades e incertezas, mas que a tendência, segundo ele, é na experimentação de algo novo que tende a absorver resultados extraordinários.

“Devido a esse momento empresarial, vão trazer uma série de incertezas, aumentar o risco do insucesso, mas, ao mesmo tempo, como todo investimento de risco, traz também um retorno muito grande no caso de sucesso. Os empresários que vão implementar soluções de startup têm que entender e ter total clareza qual o tipo de investimento que ele está realizando naquele momento. Portanto, se eu fosse falar, as principais barreiras são o não entendimento e a falta de clareza das pessoas ao realizar este tipo de contratação e implementação de soluções de startups”, explica Diego.

Ele cita um caso pessoal da corporação que lidera. o grupo criou, em 2016, uma plataforma de robôs digitais imbuídos em tarefas de automação altamente repetitivas e massivas para serem aplicadas em empresas. Diego relata que havia dúvida sobre a necessidade que as empresas estariam solicitando da startup para a utilização diária nos respectivos estabelecimentos. Ele destaca que a solução encontrada foi na fusão do projeto, alinhado a uma corporação multinacional

“A principal barreira ainda é o entendimento e a clareza da ação ao contratar uma solução de startup. Este é um investimento de risco, mas que podem trazer benefícios fantásticos, como foi o caso da empresa mencionada acima, que além de cliente se tornou investidor, e teve como usufruir de resultados excelentes através da utilização da nossa ferramenta”, enfatizou o empresário.

Empresa investe R$ 2 milhões para atendente virtual do setor imobiliário

Exemplo da necessidade da utilização do dispositivo é a inovação trazida pela startup Plaza, a qual investiu R$ 2 milhões para criar uma atendente virtual, no intuito de resolver 90% dos procedimentos administrativos e burocráticos de inquilinos e proprietários, do setor imobiliário.

A tecnologia automatiza processos como emissão de boletos, dúvidas contratuais, cálculo de multa, agendamento de vistorias, solicitações de manutenção e rescisão de contrato, operando por meio de ligações automáticas e mensagens via WhatsApp. “Isso melhora radicalmente a experiência de quem aluga e de quem administra, entregando mais agilidade e precisão nas respostas, além de um vínculo mais próximo e proativo entre todos os envolvidos”, ressalta o CEO e cofundador da Plaza, Julio Viana.

Para Marcus Vinícius (foto), CEO da Marwin Ventures, no Nordeste se verifica a falta de direcionamento das startups regionais para o mercado internacional, em razão da falta de recursos para investimentos, o qual ele pontua que o Nordeste recebe apenas 0,84% dos investimentos de capitais de risco nacionais, através de fundos.

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Marcus Vinícius, CEO Marwin Ventures. (Foto: Acervo pessoal)

Contudo, em abril deste ano foi lançado pelo Banco do Nordeste (BNB), sob iniciativa do FIP Nordeste Capital Semente, a captação de R$ 150 milhões para investimentos exclusivos de startups dos nove estados da região. O aporte será destinado a segmentos das áreas financeira, educação, saúde, tecnologias limpas, biotecnologia, agronegócio e segurança cibernética, no aspecto de fomentar negócios inovadores e, de acordo com o programa, com possibilidade de alto potencial de crescimento.

Marcus Vinicius explana que corporações tradicionais viraram arquitetas de ecossistemas inovadores, ondem conforme o especialista, se constata a criação de hubs que impulsionam startups, na viabilidade de aceleradoras internas para transformar colaboradores em intraempreendedores.

“E tecem parcerias com universidades que transformam ciência em produtos disruptivos. Somam-se a isso fundos de venture capital corporativo que injetam capital em startups estratégicas. Resultado? Ideias deslancham em meses – não anos -, a receita vem de fontes novas e surgem soluções sustentáveis. A inovação aberta deixou de ser moda e agora é o novo motor de crescimento”, salienta o especialista.

Startup e educação inclusiva

O modelo da educação é tradicional, mas pode agregar a logística do dispositivo digital no cotidiano prático. Isso porque uma startup está sendo aplicada para fornecer a capacitação de professores na educação inclusiva, pedagogia remanejada para estudantes portadores de Dislexia, Baixa Visão, Discalculia, Altas Habilidades/Superdotação, Transtorno do Espectro Autista e Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade.

A ferramenta denominada de Prova Adaptada possibilita personalizar em poucos segundos as avaliações e atividades didáticas autorais dos professores na absorção dos atributos dos alunos. O dispositivo foi uma criação de dois empreendedores, o paulista Cadu Arruda e o paranaense Fabio Tavares (foto), e a startup se sagrou vencedora da edição deste ano do Prêmio Nacional de Gestão Educacional (PNGE).

Fabio Tavares, um dos criadores da Prova Adaptada, mostra a startup de educação inclusiva no computador. (Foto: Acervo pessoal)

A plataforma foi lançada em agosto de 2024, com recursos dos próprios sócios, e já está presente em diversas instituições de ensino privado do país. Os organizadores estimam que a ferramenta já impacta no rendimento escolar de mais de 10 mil alunos da educação infantil ao ensino médio. A expectativa dos organizadores é atingir mais de mil escolas em todo o território nacional até o final de 2025, incluindo rede pública, privada, institutos e fundações.

O próximo passo do projeto é a incorporação da funcionalidade que permite acompanhar de forma contínua a trajetória pedagógica do aluno atípico até a conclusão do ensino médio, o chamado “Projeto de Vida” (Way of Student).

A fonoaudióloga e pedagoga Regiane Fagotto, 42 anos, coordenadora de programa de inclusão e especialista em Educação Inclusiva, atuante em uma escola privada de São Paulo, avalia que a plataforma é indispensável a todas as escolas públicas e privadas, que adotam a disciplina na grade de ensino. “Pela excelência e eficácia na construção dos materiais inerentes à educação inclusiva”, complementa. 

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