Data centers: setor de IA pressiona setor elétrico com alta demanda de energia

Por: Redação | Em:
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Especialistas alertam que a expansão dos data centers pode comprometer o equilíbrio energético em diversas regiões. (Foto: Envato Elements)

A expansão do setor de inteligência artificial (IA) já provoca impactos na infraestrutura energética global, com projeções preocupantes para os próximos anos. Especialistas alertam que a expansão dos data centers, essenciais para processar aplicações de IA, pode comprometer o equilíbrio energético em diversas regiões. Segundo o Lincoln Laboratory, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), até 2030 os data centers podem consumir 20% da eletricidade mundial. 


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Essa demanda crescente obriga governos e operadoras de energia a revisar o planejamento de oferta, sobretudo em países que dependem de fontes renováveis e precisam equilibrar sustentabilidade e disponibilidade. Nos Estados Unidos, dados do Departamento de Energia indicam que o consumo elétrico dos centros de processamento de dados triplicou nos últimos dez anos. Com o avanço da IA generativa, esse volume pode dobrar novamente ou até triplicar na próxima década, o que acentua a urgência por infraestrutura energética resiliente.

A nova geração de modelos de IA exige potência computacional superior à dos serviços digitais convencionais, elevando o consumo por processamento e resfriamento. Isso intensifica a pressão sobre a rede elétrica e impõe novos desafios ao setor energético.

“A demanda dos data centers é contínua, ou seja, precisa ser atendida em tempo integral, o que contrasta com a intermitência de algumas fontes renováveis, como solar e eólica. Esse descasamento exige novas soluções de flexibilidade para o sistema elétrico, incluindo o uso de baterias e outras formas de armazenamento”

Filipe Godoy Souza, gerente de Geração da Kroma Energia.

No Brasil, que possui uma matriz elétrica majoritariamente limpa, a expansão da geração renovável tem sido estratégica para garantir o suprimento diante da transformação digital. A Kroma Energia está entre as que buscam ampliar a oferta de energia a partir de fontes sustentáveis. A companhia tem 5,7 GW em projetos de geração renovável em operação ou ainda em desenvolvimento e prevê alcançar 480 MWp de capacidade instalada até o final de 2026, através da modalidade de geração centralizada.

Entre os projetos em curso está o Complexo Fotovoltaico Arapuá, em construção em Jaguaruana (CE), com capacidade de 248 MWp e início de operação previsto para 2026. Outros empreendimentos incluem o Complexo Solar São Pedro e Paulo (PE), já em operação, e o Complexo Colinas (PE), com previsão de entrada em funcionamento também em 2026 – ambos em parceria com a Elétron Energy. A empresa também investe em Geração Distribuída em diversos estados do Nordeste e tem meta de possuir uma capacidade instalada de 20,2 MWp em operação até o final deste ano.

“O crescimento da IA e o papel dos data centers nesse processo colocam novos desafios para a expansão da geração. A coordenação entre oferta e demanda precisa considerar não apenas o volume de energia, mas também a sua disponibilidade ao longo do tempo. A IA pode ser aliada também na gestão da operação das usinas, trazendo mais eficiência à produção”, afirma Filipe Godoy, destacando que “a otimização nos custos com energia é particularmente importante para os data centers, tendo em vista que representa entre 40 e 60% dos seus custos operacionais”. 

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