O ex-presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, elogiou o formato da operação atual que o BC tem executado. (Foto: Divulgação)
O ex-presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, elogiou o formato da operação atual que o BC tem executado, e disse que faria os mesmos procedimentos conjunturais se tivesse no cargo executivo da instituição. “Eu acho que o Banco Central está fazendo um ótimo trabalho, está fazendo o que dá para fazer, agora precisa da ajuda do governo, numa mensagem fiscal mais positiva para que o Banco possa fazer o seu trabalho”, elencou.
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Segundo Campos Neto, não é viável a realização da queda dos juros com o cenário sem ter condições, porque conforme o ex-presidente do Banco Central, essa conjuntura já foi tentada, e a possibilidade de êxito é muito difícil. Ele explica que se cair os juros no curto prazo, a longo prazo estes ativos sobem, e em consequência, a moeda desvaloriza, e o país ingressa numa crise inflacionária. “Não tem como a gente fazer um ajuste sem ter uma grande coordenação”, frisa.
As pontuações foram efetuadas durante o seminário Ceará Tech Hub, em Fortaleza. Na ocasião, Campos Neto afirmou que o país precisa de ter algum tipo de choque fiscal positivo, no sentido de incidir na trajetória de queda da dívida a médio e longo prazo. Roberto Campos Neto acentua que a política monetária do país não consegue estabelecer que caia muito os juros com a incerteza fiscal que existe.
“Como os juros são muito altos e as dívidas estão muito altas, a gente tem um déficit nominal, que é quando a gente contabiliza o pagamento de juros também, que tá indo para um número perto de 8,9%. A gente tem muita dificuldade de fazer um superávit primário, então basicamente a nossa dívida vai subir de 3,5%, e 4,5% ao ano, então é uma subida de dívida muito alta. Eu acho que em algum momento, a gente vai ter esse debate (referindo-se ao choque fiscal positivo), é um debate que eu espero que seja o mais rápido possível, o custo social dele é bem menor”, enfatiza.
Roberto Campos destacou como fator positivo a realização da Reforma Tributária, atribuição, segundo ele, muito difícil de fazer em qualquer lugar do mundo, apontando que qualquer tipo de ação neste sentido, é propensa a obter questionamentos. No âmbito econômico geral, ele reconhece que grande parte dos problemas e incertezas do país se atrela às tribulações globais.
Campos Neto ressalta acerca do englobamento recente com as taxas longas de juros dos Estados Unidos, e da quantia que o governo americano apresentou no orçamento, formalizando-se a fragilidade, conforme ele, da dívida elevada com um décimo nominal acima de 6% do PIB.
O ex-presidente do Banco Central relata que, em termos de tarifas, no âmbito das transações internacionais existe o conceito de reciprocidade, que é quando a política externa de um país negocia um produto com o mesmo valor agregado em conexão a outro. Roberto Campos Neto avalia que quando Donald Trump assumiu a presidência se imaginava um movimento no sentido de executar reciprocidade, porque antes, Campos Neto reforça, que era assimétrico, “ou seja, os Estados Unidos cobravam menos tarifa do que os países que cobravam dele”, pontua.
Segundo o ex-presidente do Banco Central, a adoção da política externa recente dos Estados Unidos se mostrou bastante desorganizada e difícil de entender. Roberto Campos analisa que gerou incerteza na tramitação da aplicação das tarifas, no aspecto de aplicar uma política tarifária que troca toda hora.
“Porque no final das contas se está influenciado o mundo industrial, e o mundo que planeja a longo prazo. E como é que alguém vai planejar algo a longo prazo se eu não sei qual a tarifa que vai ser amanhã, na outra semana, se vai para um lado, se vai para o outro. Então acho que isso gerou muita instabilidade, e a gente espera que isso gere mais equilíbrio, onde se tenha mais reciprocidade, com mais transparência, menos incerteza na economia”, explana Campos Neto.
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