No varejo mundial atual, China desponta na frente dos EUA

Por: Eleazar Barbosa | Em:
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Da esquerda para a direita: Marcos Gouvêa, Assis Cavalcante e Eduardo Yamashita. (Foto: Divulgação/CDL)

O cenário do varejo internacional tem alavancado na China, englobamento apontado pelo diretor geral da Gouvêa Ecosystem, Marcos Gouvêia, causado pela integração sino-mundial, inclusive com o continente latino-americano. Enquanto isso, nos Estados Unidos, após a eleição do Donald Trump, conforme o especialista, as alianças para a multipolarização econômica têm ficado indefinidas e imprevisíveis.


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Segundo Marcos Gouvêia, a balança comercial em termos arredondados na conexão Brasil – Estados Unidos é deficitária em R$ 1 bilhão, e superavitária com a China, na casa dos U$ 33 bilhões. O especialista reforça que se os Estados Unidos criarem dificuldades, o panorama tende a piorar, “mas nós não podemos nos omitir que na situação atual há uma tendência de que o aumento da entrada de produtos chineses no mercado brasileiro, numa condição competitiva, não é legal, porque acaba ficando mais barato para o consumidor quando vem da China, quando compra do varejista legal aqui pro Brasil, melhorou com programa Remessa Conforme, mas tem que avançar mais”, ressalta Marcos.

De acordo com o especialista, a problemática que mina a confiança no varejo brasileiro é a inflação dos alimentos. Ele destaca que o segmento representa 51% do dispêndio das famílias, numa conjuntura de 72% para a utilização dos serviços e abastecimento no enquadramento que envolve alimento, habitação e transporte, e que, segundo Marcos, o fator alimentação é o que incide na inflação alta.

“Isso gera um consumidor retraído, cauteloso e que consome menos, isso só vai melhorar quando houver uma alteração significativa da inflação. E nós estamos nesse momento numa situação difícil porque o aumento da taxa de juros está realimentando a inflação, porque as empresas estão recebendo os produtos encarecidos e tem que repassar isso. Então não tem margem para as empresas absorverem ou reduzirem custos”, explica o especialista.

Desafios do varejo brasileiro

Gouvêia disse que a Reforma Tributária recentemente sancionada irá auxiliar na regulação da “guerra fiscal” entre os estados, porque, de acordo com ele, os produtos ou eventualmente as notas se locomovem internamente na busca de incentivos fiscais regionais. “Eu tinha uma propriedade no interior de São Paulo. Essa cidade tinha 16 mil habitantes há 15, 16 anos, hoje tem 64 mil, porque ela está na divisa pelo lado de Minas, que tem benefício fiscal, e divisa com São Paulo. Então o centro de distribuição migrou pra lá, para poder se beneficiar do incentivo, e abastecer São Paulo, mas no fundo é uma deformação, com que faz com que o produto fique circulando. Não mais por uma lógica logística, mas pela lógica do incentivo fiscal. Então nós temos gerado mais desperdício de combustível, mais poluição, mais estradas congestionadas, por uma deformação no nosso modelo tributário”, relata.

As declarações foram realizadas nesta sexta-feira (16) durante o Cenários do Varejo 2025, evento promovido pela CDL de Fortaleza. Na ocasião, o diretor de Operações do Grupo GS & Gouvêa de Souza, Eduardo Yamashita, enfatizou que o varejo brasileiro e em todo o mundo está passando por uma enorme e rápida transformação. Em especial, segundo Eduardo, destaque para a velocidade das atribuições varejistas do mercado asiático em comparação ao ocidental. “Grande parte das transformações que a gente tem visto hoje estão vindo da Ásia, e não mais do mercado americano ou mercado europeu. Eu diria que esse lado do mundo, o mercado ocidental, está mais ou menos no mesmo ritmo de transformação, ou seja, os brasileiros se movimentando, o mercado americano se movimentando bastante também, o europeu até menos que o brasileiro, tentando que se adaptar a essas condições que a gente tem visto”, elucida.

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