Ceará e Pernambuco: duas potências econômicas nordestinas

Por: Eleazar Barbosa | Em:
Tags:,
economia de ceará e pernambuco

O Ceará vem subindo de posicionamento no ranking e, como consequência, vai disputar a hegemonia econômica da região com Pernambuco e Bahia. (Foto: Divulgação)

O Nordeste angariou sólido status no cenário econômico nacional nesta década, contabilizando índices maiores que o país. Segundo dados da Resenha Regional do Banco do Brasil de 2024, a região acumulou alta de 3,8%, ante 3,5% alcançado no Brasil. Os estados do Ceará e Pernambuco puxam o crescimento, porque conforme amostra do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), em 2021, os dois estados concentraram o topo do ranking do Produto Interno Bruto (PIB) da região, respectivamente em 3º e 2º. Bahia lidera.


Quer receber os conteúdos da TrendsCE no seu smartphone?
Acesse o nosso Whatsapp e dê um oi para a gente


De acordo com o Instituto de Pesquisa Estratégia Econômica do Ceará (IPECE), no ano passado, o PIB cearense calculado atingiu 6,49%, enquanto no país chegou a 3,4%, números calculados em comparação a 2023. No esboço conjuntural neste mesmo aspecto, destaque para a agropecuária que contabilizou crescimento de 25,16%, a indústria com índice de 10,65%, e o setor de serviços com 4,28%.

Segundo o IPECE, a configuração que contribuiu para o resultado positivo na agropecuária foi o fator pluviométrico, o qual auxiliou no rendimento das culturas de sequeiro, onde se predomina a técnica do cultivo em condições adversas, dependendo exclusivamente da água da chuva para irrigação. O setor foi influenciado pelas atividades agrícolas do milho, feijão e mandioca. Na produção de frutas, impacto no rendimento da castanha de caju, melhorias de poda do cajueiro normal e a produção dos novos cajueiros, plantados em 2022. O IPECE realça elevação na banana, coco-da-baía, acerola e goiaba. Na pecuária, o destaque nas atividades de galináceos, ovos e suíno.

No que tange o setor industrial cearense, a constatação no quarto trimestre de 2024, assim como ocorreu durante todo o ano passado, o segmento que alavancou o panorama foi na área da Indústria da Transformação, o qual nos meses finais de 2024, houve impulsionamento em termos reais de 9,84%, na comparação com igual período do ano anterior. O quesito da construção auxiliou na colocação, sendo o principal fator impulsionado pelos investimentos públicos e privados. A atividade cresceu 10,97%, na comparação com o ano de 2023.

No que concerne o tópico relacionado ao setor de serviços, a análise levantada pelo IPECE mostra que o resultado em 2024 se atrela ao desempenho das atividades de Serviços Prestados às Famílias e Associativos (+9,39%); Comércio e Serviços de Manutenção e Reparação de Veículos Automotores (+7,65%); Transporte, Armazenagem e Correios (+5,19%); Serviços Financeiros (+4,28%); e Serviços de Alojamento e Alimentação (+3,89%).

Na apuração de avaliar o grau de desenvolvimento dos 184 municípios cearenses, o IPECE acompanha o englobamento através do Índice de Desenvolvimento Municipal (IDM). No estudo realizado em 2022, averiguou-se que Sobral registrou o maior valor com índice igual a 0,7545. Na sequência, vem depois os municípios de Eusébio, Marco, Aracati e Jaguaribe.

Crescimento do PIB cearense e distribuição da renda

Para o economista Ricardo Coimbra (foto), o PIB do Ceará vem crescendo de forma significativa, acima da média nacional ao longo dos últimos anos. No entanto, o gargalo no contexto é o problema da distribuição de renda, o qual o especialista aponta que o Ceará possui uma renda per capita relativamente baixa em relação aos outros estados. Ele alerta que o índice de desenvolvimento cearense não é o adequado.

“O estado do Ceará tem como setores fortes a indústria de calçados, a pesca, a parte de siderurgia… são setores muito fortes que a gente tem, principalmente setores que têm uma participação mais significativa no PIB do estado, e também no segmento da confecção, que também tem um peso muito forte, então os segmentos de serviços, que dentro da indústria você tem esses subsetores”, menciona Ricardo.  

De acordo com o economista, os impactos de investimentos na infraestrutura são extremamente importantes porque potencializa o crescimento no médio e longo prazo. Ele salienta, no aspecto geral como ponto forte da economia cearense, a capacidade de absorção de novos investimentos, e o ponto fraco, dificuldade de potencializar a riqueza gerada numa melhoria da renda per capita. Ricardo cita o Complexo Industrial e Portuário do Pecém como elemento indutor da infraestrutura.

“Perspectivas muito boas pro futuro econômico do estado, principalmente no que tange o fortalecimento do Complexo Industrial do Pecém, o polo de desenvolvimento de energia renovável, tudo atrelado a ele. E mostrando que o estado do Ceará vem crescendo de posicionamento do ranking e, ao longo do tempo, vai potencializar essa capacidade de participação da economia no estado do Ceará. Como consequência, vai disputar a hegemonia econômica da região com Pernambuco e Bahia, que também vem buscando o fortalecimento de seus setores produtivos”, relata Ricardo.

Vista aérea do Porto do Pecém, no Ceará. (Foto: CIPP)

O potencial econômico de Pernambuco     

O estado de Pernambuco protagoniza entre os principais PIBs do Nordeste, posicionando em 2022, segundo o IBGE, na segunda colocação do ranking, e também o terceiro maior PIB per capita. Os principais polos econômicos e cadeias produtivas correlacionadas se enquadram na indústria sucroalcooleira e a fruticultura, esta última contendo um exponencial polo no Vale do São Francisco, com destaque para exportação de manga e uva.

Também no setor primário, tem potencial na avicultura e equinocultura, notabilizando no Agreste de Pernambuco como uma das regiões com maior criação de cavalos mangalarga marchador do país. Na extração mineral, o que está em evidência é a produção de gesso, no município de Araripina, no sertão do estado.

No setor de serviços, em proeminência a capital pernambucana que alavanca a tecnologia da informação e comunicação, atribuições relacionadas com Contabilidade, Direito, Economia, e a prestação de serviços médicos. Na área da indústria, polos no segmento automobilístico, em realce um localizado no município de Goiana, composto por uma fábrica da Jeep e alguns fornecedores. E no Porto de Suape, uma refinaria e algumas indústrias de processamento de derivados de petróleo.

Segundo o economista pernambucano Alexandre Rands Barros (foto), o que se associa aos impactos dos investimentos em infraestrutura no crescimento econômico, ele aborda no que tange o próprio Porto de Suape, a expansão do principal aeroporto do estado e a duplicação da BR-232. No entanto, segundo o especialista, o estado carece de investimentos em infraestrutura, como a pavimentação e duplicação de estradas, além da ampliação e asfaltamento de vias urbanas.

Alexandre aponta como ponto forte da economia pernambucana, a disponibilidade relativa de mão de obra qualificada na região Nordeste, além disso, a localização privilegiada do estado, e a importância de Recife como capital referência econômica no Nordeste. “Os pontos fracos são a quantidade elevada de pessoas com baixa qualificação e uma proporção elevada do território no semiárido. Também vale destacar um governo com baixa capacidade de investimentos, além de dívida elevada”, frisa. 

No que concerne às perspectivas para o futuro econômico do estado, o economista ressalta que Pernambuco irá crescer inserido no ritmo médio da região Nordeste, e considera que o estado não efetivará proeminentes saltos no futuro próximo.

Porto de Suape, em Pernambuco. (Foto: Divulgação)

Saiba mais:

Economia do Ceará cresce 2,4% no início de 2025

IBC-Br: economia brasileira cresce e supera projeções do mercado

Top 5: Mais lidas