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tokenização no agro

A tokenização no agronegócio se aplica a quaisquer ativos, mas a venda da safra continua sendo o ativo de maiores possibilidades e vantagens. (Foto: Envato Elements)

Tokenização vai revolucionar o agronegócio

Por: Gladis Berlato | Em:
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Embora o agronegócio responda por um quarto do PIB e por 40% das exportações brasileiras, o crédito ainda é um obstáculo. Quando o produtor rural brasileiro entender o real funcionamento da tokenização no agronegócio, descobrirá o alcance e os benefícios do sistema que se assemelha ao mercado de ações operado nas bolsas de valores. Para uns, será um processo lento, para outros será um tsunami.


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Trata-se da captação de um dinheiro bom, barato e sem custos de intermediação porque o risco é do investidor, onde quer que esteja. Caberá ao produtor, entretanto, melhorar seus bens e dar total transparência às informações para ganhar a confiança do mercado que pagará a conta também lucrando. Sem juros e sem dívidas.

O Banco do Brasil já entrou nesta transformação em parceria com a startup argentina Agrotoken, especializada na tokenização de commodities agrícolas, o que sinaliza a importância desta tecnologia para o futuro do agribusiness.

O que é?

Tokenização é uma inovação trazida pela tecnologia blockchain que permite a digitalização e a divisão de ativos em tokens negociáveis, democratizando o acesso a investimentos de maneira transparente e dando acesso ágil, barato e desburocratizado ao crédito. Em resumo: safras, terras, máquinas, animais e até florestas podem ser transformadas em tokens digitais, negociáveis em frações dos ativos e que viram garantia para empréstimos ou para investimentos.

Transparência e formalidade

Em sua trajetória profissional no universo empresarial, o diretor da Fertsan Soluções Tecnológicas para o Agronegócio, Luiz Eugênio Pontes, compara a tokenização a um tsunami. “A onda vem forte com apenas duas opções: ir ao encontro dela e surfar ou ser levado e destruído”, profetiza. Ele alerta que como toda inovação, ganham mais aqueles que apostarem na novidade antes do chamado “efeito manada”. No caso do uso do sistema de token, quanto maior o ingresso, maior a disputa por investidores e menor será a valorização dessa “moeda” digital.

Luiz Eugênio Pontes, diretor da Fertsan Soluções Tecnológicas para o Agronegócio. (Foto: Divulgação)

A tokenização no agronegócio se aplica a quaisquer ativos, seja terra, máquinas, grãos, projetos ou nova tecnologia? Pontes concorda, mas aponta a venda da safra como sendo o ativo de maiores possibilidades e vantagens, já que os estoques atualmente ficam em mãos das tradings.

“Ao transformar a safra presente ou futura em tokens, o produtor vende direto, sem intermediações, resultando em ganhos para todas as partes”, informa. Ele projeta um crescimento exponencial do sistema, especialmente contando com as potencialidades oferecidas pela inteligência artificial.

Luiz Eugênio Pontes, que já foi diretor da Federação das Indústrias do Ceará (FIEC),vê na tokenização a possibilidade de o agricultor brasileiro fracionar seu ativo e se beneficiar de recursos financeiros baratos. O valor do token é estipulado pelo próprio mercado, conforme o grau de confiança e atratividade a partir das informações e projeções disponibilizadas.

“O sistema de tokenização é muito bem protegido pelas regras da blockchain que documenta e formaliza os contratos juridicamente”, assegura ele, convicto de que esta será a tendência de financiamento fora dos canais tradicionais, principalmente para aqueles que já têm ou estão criando conexões mais fortes com o mercado de capital.

Produtos gourmetizados

O vice-presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), Ingo Plöger,vê a tokenização com olhos mais céticos. Ele concorda que seja uma tendência a ser concretizada em médio e longo prazos e que o agronegócio nacional está à frente de muitos países para receber esta tecnologia por ter a agricultura e a pecuária consolidadas. Mas é reticente quanto à aplicação imediata no segmento de commodities como grãos, por uma questão de precificação.

Ingo Plöger, vice-presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG). (Foto: Gerardo Lazzari)

O executivo da ABAG jávê com outra perspectiva setores com produções mais gourmetizadas e diferenciadas, como flores e castanhas. “São atividades vistas como a Mona Lisa da sua área, assim percebidas pelo mercado que paga seu preço”, ilustra. E destaca o segmento de vinhos já com expressiva rastreabilidade, oferecendo a exigida transparência que leva à confiança necessária para o mercado de moedas digitais.

Outro diferencial que reforça o potencial do vinho para a tokenização é a existência de uma forte e estabelecida rede de cooperativas de créditos que dá suporte à formalização dos negócios, estruturação de contratos e outros mecanismos de apoio aos negócios no campo.

Agricultura 5.0

No Ceará, a tokenização ainda é incipiente, mas os produtores rurais começam a se organizar porque sabem que esta é uma realidade que veio para ficar. O assessor técnico da Secretaria Executiva do Agronegócio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Ceará (SDE), Vandemberk Rocha de Oliveira, diz que a tokenização no agro abre imensas possibilidades de negócios para quaisquer portes de empresas por dar acesso ao crédito de maneira ágil e desburocratizada. “Será uma grande barreira a ser derrubada”, diz. Para isso, entretanto, será preciso entender o processo e dar transparência às informações da empresa.

Vandemberk Rocha de Oliveira, assessor técnico da Secretaria Executiva do Agronegócio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Ceará (SDE). (Foto: Divulgação)

Vandemberk aponta os produtores de frutas e de leite como os maiores potenciais “tokenizáveis”, mas acrescenta os plantadores de grãos e também os setores de mel e de caju com grandes chances de utilizarem esta forma de crédito. “Hoje, a moeda do produtor é a safra medida em sacos para pagar insumos e fornecedores e o seu lucro. Além de agilizar o sistema atual, o token amplia o horizonte de negociação, inclusive barateando custos de produção”, analisa.  “Estamos diante da agricultura 5.0, tanto em captação de crédito como na ampliação de vendas”, disse, lembrando que com o “cinturão digital” e o avanço da tecnologia 5.0, o Ceará conecta também os produtores do interior.

Educação dos agentes 

Liderança do setor como diretor-presidente da Associação Brasileira da Criptoeconomia (ABcripto), Bernardo Srur, diz que a tokenização é uma tendência inovadora que democratiza o acesso ao setor. A implementação do DREX, amoeda digital brasileira, representa um marco significativo na trajetória da economia do país em direção à tokenização abrangente, que alcança também setores como imobiliário, mineração e projetos relacionados ao audiovisual.

Bernardo Srur, diretor-presidente da Associação Brasileira da Criptoeconomia (ABcripto). (Foto: Arquivo ABcripto)

No agronegócio, ainda está em estágio inicial, apesar do enorme potencial para transformar o setor que enfrenta desafios como falta de infraestrutura, incerteza jurídica, volatilidade de preços, riscos climáticos, barreiras comerciais e escassez de crédito, que limitam o acesso a financiamento e investimento e dificultam seu desenvolvimento e competitividade.

Por conta disto, Srur alerta que muitas empresas agrícolas podem não estar prontas para adotar a infraestrutura tecnológica necessária para implementar e gerenciar sistemas de tokenização. Ele defende como fundamental a necessidade de educar os participantes do agronegócio para promover a tokenização.

Na análise da ABcripto, uma das principais vantagens da tokenização de ativos é a melhoria da liquidez, que possibilita transformar ativos tradicionalmente ilíquidos em tokens negociáveis, sem depender de intermediários ou processos burocráticos. “Os investidores podem comprar, vender ou trocar frações desses ativos com maior facilidade e segurança, já que os tokens podem ser adquiridos em plataformas digitais a qualquer momento e de qualquer lugar, aumentando o capital de giro e a diversificação de produtos com menor risco”, explica Srur.

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