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Para especialista, o Brasil está correto na condução da política de juros (13,75%) para o controle da inflação. (Foto: Envato Elements)

Onde aplicar o dinheiro com juros e inflação alta?

Por: Gladis Berlato | Em:
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Economistas e analistas do mercado financeiro entendem que o aumento das taxas de juros acima da expectativa nos últimos anos, fez com que os principais ativos de risco acabassem sofrendo, caso das Bolsas de Valores nos EUA e Europa e se configurando como um dos piores anos nos últimos tempos. Diante disto, onde aplicar os recursos em umcenário de inflação crescente, mudança de governo aqui no Brasil e aumento de juros ao redor do mundo, que afetaram a atividade econômica global?


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Para Rafael Meyer, head de Investimentos Solutions Multi Family Office,a resposta atende pelo nome de renda fixa que tem se mostrado um investimento de retorno mais atrativo no Brasil quando se olha o risco. Mas até ele foi afetado pelo cenário de alavancagem com juros mais altos, que encontra exemplo na perda de valor das ações das Lojas Americanas envolvida em possível fraude.

Para os investidores com perfil mais conservador, a orientação de Meyer é de investir em títulos pós-fixados, prioritariamente títulos bancários que tenham proteção do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) até R$ 250 mil por instituição financeira ou até R$ 1,0 milhão pelo CPF ou CNPJ.

“Esta é a melhor opção diante de uma economia com juros de dois dígitos que tende a se manter assim pelo menos pelos próximos dois anos”.

Rafael Meyer, head de Investimentos Solutions Multi Family Office

Para os investidores do tipo conservadores, convém alocar até 8% da carteira em estratégias de renda variável, focando em empresas boas pagadoras de dividendos que se beneficiam de juros e inflação altas e que tenham geração importante de Caixa. Ele cita a Vale, Itaú, BTG, JBS, Lojas Renner, Eletrobrás, Alupar, que atuam no setor energético, mas que são resilientes e não cíclicas, com taxas internas de retorno atrativas.

No pós-fixado, alocar em média 70% em títulos atrelados à inflação+10, 8% em renda variável e os restantes 12% em carteira de fundos multimercados, que têm maior flexibilidade para se posicionar neste mercado de alta volatilidade. “O ano passado foi o melhor dos últimos tempos no Brasil, tendo rendimentos médios entre 30 e 40% principalmente pelas promessas não alcançadas do governo e do Banco Central de controle da inflação no Brasil. O mesmo aconteceu nos EUA onde o FED errou e a inflação fechou em dobro”, ilustra.

Na carteira mais moderada, o conselho é de uma exposição maior em renda variável até 16%, aumentando a presença em mutimercados até 14% e em títulos de vencimento mais curtos para não sofrer tanto com oscilações provocadas pelos juros futuros por conta do risco de perda de autonomia do Banco Central e dos gastos fiscais governamentais. O restante em pós-fixados.

Já os investidores de perfil mais sofisticado,que se expõem mais ao risco, estão aproveitandoo momento mais desafiador para melhorar o preço médio, comprando mais ações, pensando no longo prazo.

Gringos no mercado brasileiro

Rafael Meyer observa que o cenário de juros mais altos atrai os investidores estrangeiros, que registraram ingresso de capitais de R$ 100 bilhões em 2022 e que já chega a R$ 14 bilhões até metade de fevereiro deste ano. Boa parte deste montante é direcionada a renda variável, além de renda fixa. São investidores que tomam recursos em países com taxas menores de juros e alocam no Brasil.

O inverso pode ser verdadeiro. Para os investidores mais arrojados faz sentido enviar recursos para uma conta de investimento no exterior para aproveitar o stress de juros comprando títulos de grandes bancos e até títulos de empresas brasileiras negociados nos EUA.  Este perfil de investidor sofisticado tem sua aplicação distribuída em renda variável (30%), multimercados (20%) e em inflação (25%) e o restante em pós-fixado. “São percentuais de alocação estratégica, que podem variar de acordo com o cenário”, comenta.

Aprenda a investir

Especialista em Educação Financeira com mais de 20 anos de experiência, Mauro Kalil, fundador da Fundação Academia do Dinheiro, classifica o mercado como “indeciso”. O autor dos livros “Separe uma verba para ser feliz” e “A receita do bolo” entende que muitaspessoas importantes apoiaram o governo atual com a ingenuidade de que seria mais austero e teria aprendido com os erros anteriores. Como não é esta a realidade que se apresenta, o consultor recomenda cautela para as diferentes faixas de investidores.

R$ 1.000,00

Aos que têm poucos recursos para investir, na faixa de R$ 1.000,00, a saída é fazer a lição de casa e, se tiver dívidas que comem o dinheiro via juros, procurar possibilidades de aumento de renda, onde a educação favorece muito este objetivo.

R$ 10.000

Na hipótese de ter entre R$ 10.000,00 ou por volta de R$ 50 mil a R$ 60 mil, convém buscar aplicações financeiras melhores para fazer o dinheiro render. “Um por cento a mais de juros por ano já começa a fazer diferença na vida principalmente daqueles com 30/40 anos de idade”, alerta, lembrando que “está na hora de aprender a investir”.

R$ 100.000,00

Para os que dispõem de mais de R$ 100 mil, o recomendado é diversificar as aplicações direcionando uma parte – da ordem de 30% a 40% – para fundos imobiliários e bolsa de valores. E outra parte de 70% investir em renda fixa que Kalil chama de turbinada. Atualmente esta opção está rendendo, pelo menos, 14% ao ano, sendo comum encontrar aplicações em renda fixa turbinada com liquidez imediata ou programada com 110%, 115% e até 120% do CDI. “Então não deixe esse dinheiro na caderneta de poupança, porque você encontra investimentos muito mais atraentes com liquidez diária com a mesma segurança da caderneta de poupança”, garante ele.

Até quando vai a “indecisão” do mercado?

Até quando a mensagem sobre política econômica for de confiança que leva à estabilidade. A propósito, sobre a ameaça do fim da autonomia do Banco Central, Mauro Kalil diz que se trata de uma condição de independência criada por lei. Se eventualmente for mudada a legislação, o que ele não acredita, causará grande conflito entre o setor político e o financeiro, que precisa de previsibilidade e estabilidade. “Qualquer interferência política leva à imprevisibilidade. Seja no Brasil, na Venezuela, no Japão, na Dinamarca ou em qualquer país do mundo”, finaliza.

Juros altos e necessários

O sócio-fundador da Experato Asset, Eliseu Manica Júnior, entende que apesar das críticas ao Banco Central, “o Brasil está correto na condução da política de juros (13,75%) para o controle da inflação, até se antecipando ao restante do mundo, inclusive dos Estados Unidos, que praticam juros menores (4,5 a 4,75%) e têm inflação maior do que a brasileira”.

Neste cenário de juros mais altos há valorização da moeda, propiciando os investimentos no mercado financeiro. Há boas alternativas de aplicação, inclusive o mercado de ações que negocia em torno de 7,5 a 9,0 vezes o lucro anual para uma média de 11 vezes.

Em renda fixa é possível alongar os títulos em três a cinco anos com uma certa segurança do Fundo Garantidor de Crédito até R$ 250 mil por banco se consegue CDBs com quase 16% ao ano com baixo risco. As Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) também estão pagando em torno de 13% líquidos ao ano, além de títulos de inflação rendendo 7%. “Investir hoje é contra intuitivo, que é quando um investidor aposta no risco apesar do cenário”, afirma Eliseu Manica Júnior.

Títulos do governo em alta

Inflação alta, juros altos. Os gastos fiscais também altos impactam ainda mais a inflação. Os diversos títulos do governo federal comprados diretamente do Tesouro Direto estão pagando IPCA (a própria inflação em torno de 6%) mais 6,5% e até 7%, o que para os investidores é convidativo pelo risco zero. “É a opção fácil”, diz o presidente do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon-CE), Igor Lucena.

Também nos bancos há fundos de baixo risco pagando 14 a 14,5% ao ano, o que dificulta a vida dos assessores de investimentos  porque o investidor corre para o risco zero dos títulos públicos.

Para os investidores de longo prazo, quando se analisa setores como bancário, distribuição de energia elétrica, gás, petróleo e água, insumos fundamentais para a sociedade, estão muito baratos o que tornou a Bolsa muito barata, especialmente para os investidores mais arrojados. “Bolsa baixa é momento de entrar”, alerta.

Se o governo do presidente Lula focar no que prometeu – na construção civil, com a volta do Minha Casa, Minha Vida, e na educação com o Prouni – haverá um boom em ações nestas duas áreas.

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