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Complexo metalomecânico alcança quase 20% do faturamento industrial cearense

Industrial port de Barcelona in evening. Spain

O Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece) lança, nesta terça-feira, 8, a nova edição especial do Ipece/Informe – Estudo dos Setores Produtivos: o Complexo Industrial Metalomecânico no Ceará, que avalia a participação do complexo metalomecânico cearense na indústria em nível estadual, regional e nacional. Outro dado importante do trabalho, que tem como base indicadores disponíveis na Pesquisa Industrial Anual produzida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é que de cada 100 pessoas que trabalham na indústria cearense, nove estão empregadas no complexo metalomecânico.


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Historicamente, existe uma concentração de indústrias integrantes do complexo metalomecânico nas regiões Sul e Sudeste. Sozinho, o Sudeste concentra 64,5% do Valor da Transformação Industrial (VTI), que pode ser entendido como a diferença entre o valor bruto da produção e os custos das operações – ou seja, é o “faturamento” da indústria. O Nordeste contribui com 7,8% do VTI nacional, mas, em compensação, cresceu 2,3 pontos percentuais entre 2014 e 2018, sendo a região que mais cresceu em percentual no período. Sul e Sudeste apresentaram leve queda, enquanto Norte e Centro-Oeste subiram, respectivamente, 0,3% e 0,1%.

Se o complexo metalomecânico nordestino ainda não tem tanta representatividade quando comparado ao nacional, por outro lado, vem crescendo em importância dentro da indústria de transformação da região, ampliando de 14,9%, em 2014, para 17,6%, em 2018, a sua participação nos números do VTI regional. No Ceará, a relação chega a ser ainda maior. Das 5.227 unidades listadas como Indústrias de Transformação, 777 pertencem ao Complexo Metalomecânico, no entanto, esse número representa, atualmente, 19,1% – quase um quinto – do VTI estadual.

Dentro do complexo metalomecânico cearense, o principal crescimento foi registrado no setor de metalurgia. Impulsionada pela instalação da Companhia Siderúrgica do Pecém, que iniciou a produção em junho de 2016, a atividade saltou de 39,3% em 2014 para 74,3% em 2018 nos números do VTI estadual, e ampliou de 3952 para 5250 a quantidade de pessoas empregadas.

      “Outros indicadores importantes em relação ao Ceará é que a cada 100 pessoas que trabalham na indústria, nove estão empregadas no complexo metalomecânico. De cada cem empresas industriais, quinze são desse complexo”, destaca Eugênio Pacelli, assessor Técnico do Ipece e autor do estudo. Ele observa que essa porcentagem de participação no VTI estadual indica que a cada 100 dólares ‘faturados’, 19 vieram do complexo metalomecânico, “embora a gente precise ter cuidado ao falar de faturamento porque, como se trata do setor financeiro, deve sempre haver um cuidado com a correção monetária”.

      Apesar dos bons números em alguns setores, no período analisado, a indústria – tanto local como nacional – também apresentou reduções. No Brasil, como um todo, o complexo metalomecânico perdeu cerca de 385 mil trabalhadores. “O período de turbulência política fez com que muitas empresas saíssem do mercado e, além disso, também houve a pandemia. Então, se cai o número de unidades, provavelmente também vai cair o número de pessoal ocupado”, reforça Pacelli.

     Essa “fotografia” do momento da indústria e, principalmente, do complexo metalomecânico em diversos níveis é um dos motivos pelos quais Eugênio, elaborador da pesquisa, destaca a importância do estudo. “É um trabalho exploratório que vai dar apoio a ações políticas. Essas políticas podem e devem ser tanto do governo como do setor privado”.

O complexo

Um complexo metalomecânico pode ser entendido como um universo que abrange “do prego ao navio”. É como define o assessor Técnico do Ipece. “Quem fabrica pregos não tem relação direta com quem fabrica navios, mas eles têm, em comum, o fato de usar o metal como uma das matérias-primas principais. O setor metalomecânico é tudo aquilo que está ligado a um produto final que tenha estrutura metálica, que dependa do metal para ser fabricado. Integra tanto aqueles produtos que são totalmente feitos de metal, como os que possuem o componente, mesmo que não seja como elemento preponderante”, explica.

Existem seis principais atividades industriais que integram esse complexo: metalurgia, fabricação de produtos de metal, produção de máquinas e equipamentos, montagem de veículos automotores, fabricação de outros equipamentos de transporte e, por fim, manutenção e instalação de máquinas e equipamentos industriais.

Base

A base do complexo metalomecânico é uma usina siderúrgica integrada, que opera nas três fases básicas da produção do aço acabado: redução, refino e laminação. A produção de laminados planos, pode possibilitar a fabricação de bens de consumo duráveis devido seu efeito de encadeamento. Nesse contexto, de acordo com Pacelli, espera-se que a implantação de uma usina de laminados planos tenha um papel “industrializante” considerável. “Os grandes empreendimentos implantados na região nos últimos anos, como os relacionados à siderurgia, biodiesel, energia eólica, automobilístico, refinaria de petróleo e gás, entre outros, representam uma boa oportunidade de negócios para as empresas que fornecem produtos de metal, o que pode fortalecer o complexo Metalomecânico da região”.

A expectativa é a de que o Estado que implantar um polo Metalomecânico, oferecendo como âncora uma siderurgia integrada com a produção de aços laminados planos, ocupe maior destaque neste mercado. O Ceará tem fortes fatores de atração, como a vocação exportadora da ZPE acoplada ao terminal do Porto do Pecém, além da integração com a ferrovia Transnordestina, mostrando seu potencial logístico. Com esses fatores, o estado poderia atrair laminadoras de aços planos. A implantação de uma usina de laminados planos pode vir a fortalecer esse complexo na economia cearense – conclui.

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