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O Big Brother na agricultura regenerativa

Close up of box with ripe vegetables

Uma volta ao passado com o conhecimento e a valorização atual e futura. A frase resume a essência da agricultura regenerativa para onde caminha o mundo do agronegócio. Ou pelo menos terá que seguir. O consumidor, cada vez mais, quer uma alimentação saudável e sabendo suas origens, como aponta pesquisa da Nielsen de que 75% dos millennials – e também a Geração Z – estão alterando hábitos de consumo focando no meio ambiente. Para quem não sabe, o Brasil já lidera a 3ª revolução tecnológica da agricultura, com o uso de biológicos e naturais.


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A possibilidade de rastrear a verdadeira origem dos produtos aumenta na proporção do rápido avanço de ferramentas como satélites e sensores inteligentes capazes de aferir os volumes das emissões de carbono na atmosfera e o sequestro de carbono no solo, além do consumo responsável de recursos naturais como a água. Estamos falando de uma espécie de big brother em favor da natureza.

Muito além do orgânico e dos preceitos da sustentabilidade, a agricultura regenerativa é amigável, aquela que emprega práticas agrícolas e de pastagem realmente benéficas ao meio ambiente, sem levar o solo à exaustão com métodos agressivos como queimadas e aplicação excessiva de corretivos sintéticos.

Um conceito muito avançado para o Brasil? Talvez não porque, além de proteger a saúde e o Planeta, também pode ser um bom negócio para todos porque traz produtividade e lucro, conectando, assim, o interesse de quem produz com o de quem consome.

Quem concorda é a International Fertilizer Association – IFA, entidade que reúne mais de 400 membros e que visa promover a produção responsável. Sua defesa é de que o fertilizante tem que ser visto como aliado na produção, mas de maneira sustentável, porque garante alimentos ao mundo. Em recente congresso de Fertilizantes, promovido pela Associação Nacional para Difusão de Adubos (ANDA), a CEO Alzbeta Klein disse ver grandes oportunidades de negócios com criação de valor para a indústria sustentável de alimentos, aquelas que exercitam práticas ambientalmente corretas. Por conta disto, ela não tem dúvidas de que o Brasil se manterá em destaque entre os grandes players no comércio mundial de fertilizantes, de maneira adequada.

Bioinsumos

Com o propósito de transformar o agro, inovando com biológicos para a produção de alimentos saudáveis, a Biotrop, empresa especializada, sediada em Vinhedo-SP e com fábrica em Curitiba-PR, assiste ao crescimento do mercado de produtos biológicos e naturais (ou bioinsumos) de forma acelerada no Brasil. O fato contribui para a agricultura regenerativa, onde já são movimentados mais de US$ 300 milhões em produtos biológicos com crescimento anual acima de 20%.

“Historicamente, o produtor brasileiro é um empreendedor com foco em sustentabilidade, o que tem sido demonstrado nas últimas décadas com a adoção de práticas como o plantio direto e de inoculantes (bactérias fixadoras de nitrogênio), resultando em enorme economia e com a retirada de milhões de toneladas de CO² da atmosfera”, ilustra o diretor de Marketing e Estratégia, Jonas Hipólito.

Para a Biotrop, o Brasil lidera a 3ª revolução tecnológica da agricultura, com o uso de biológicos e naturais. Mais de 32 milhões de hectares já utilizam biológicos em larga escala, notadamente na cana-de-açúcar, pioneira no uso de insetos predadores no controle de brocas e outras pragas, que hoje caminha para um manejo de solo cada vez mais biológico.

Jonas Hipólito, Diretor de Marketing, Estratégia e P&D na BIOTROP (Foto: Marco Flávio)

Acordo do Metano

Para a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), o Brasil avança nas práticas sustentáveis de produção no agronegócio e está disposto a acelerar o processo. A propósito disto, o presidente João Martins citou o Acordo do Metano, assinado na última COP26, em Glasgow, que estabeleceu o compromisso de cortar em 30% as emissões do gás poluente até 2030. Martins lembrou que embora o Brasil participe com apenas 0,07% da geração de metano na atmosfera, a CNA trabalha para mostrar a vanguarda do País na cadeia sustentável do agro.

Para analistas em agribusiness, a integração da agricultura com a pecuária numa mesma área com sistemas de rotação é um bom exemplo de práticas saudáveis, reduzindo a emissão de gases de efeito estufa. É fato que a agricultura brasileira está experimentando uma transformação crescente, graças aos investimentos em pesquisa e desenvolvimento que geram melhores tecnologias focadas na produção e na sustentabilidade.

O consultor, Carlos Cogo, fundador da Cogo Inteligência em Agronegócio, que acompanha de perto a evolução da cadeia de produção do setor, apontando tendências, lembra que na atual safra 21/22, o País plantou 72,3 milhões de grãos em apenas 48,6 milhões de hectares. E acrescentou que quase 24 milhões de hectares são utilizados mais de uma vez no mesmo ano-safra (caso das culturas de feijão, milho, algodão), portanto, sem avançar em novas áreas, sem desmatar, por conta do uso de tecnologia. E que a isto se dá o nome de produtividade com sustentabilidade.

Para Jack Uldrich, um futurista e autor de vários livros sobre o tema, o que hoje é apenas uma tendência poderá se tornar obrigatório não apenas pela força do consumidor, como por uma questão legal. Ele entende que a agricultura regenerativa deverá ganhar certificação com a obrigatoriedade de etiquetagem dos produtos nas gôndolas. O caminho já foi aberto com algumas iniciativas como o selo Verificação de Resultado Ecológico, do Savory Institute, atestando a origem da carne bovina usada nas barras de proteína Epic. Para Uldrich, a agricultura regenerativa tende a chegar mais rápido do que se imagina.

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