Logotipo Oficial Trends

CONECTANDO NEGÓCIOS A INVESTIMENTOS

Search
Close this search box.

Especialistas apontaram a necessidade de adaptação do comércio exterior à nova realidade que requer cooperação entre empresas e autoridades. (Foto: Freepik)

Crise na China impacta Brasil

Por: Gladis Berlato | Em:
Tags:

Com mais de um terço de suas exportações destinadas à China, o Brasil tem muito a se preocupar a cada crise no continente asiático, dada a sua grandeza na corrente de comércio internacional. Cada crise do lado de lá respinga aqui, causando maiores ou menores turbulências nos resultados de quem vende.


Quer receber os conteúdos da TrendsCE no seu smartphone?
Acesse o nosso Whatsapp e dê um oi para a gente.


Desta vez não será diferente. A quebra da gigante imobiliária chinesa Evergrande aparentemente tem maior relevância interna, desde que não atinja mais fortemente a cadeia do enorme mercado imobiliário que, embora local, depende de insumos externos importados, inclusive do Brasil. À beira da falência, com uma dívida da ordem de US$ 300 bilhões, a empresa assiste à queda no valor de suas ações de 80% neste ano.

O economista Gildemir Silva, doutor em Economia e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC) acredita que no curto prazo haverá um arrefecimento das transações comerciais por reacomodação dos investimentos no setor imobiliário chinês. Para ele, entretanto, o grande problema que pode provocar alguma alteração na movimentação dos negócios é a crise dos contêineres que deverá perdurar até, pelo menos, a metade de 2022.

Especialistas apontaram a necessidade de adaptação do comércio exterior à nova realidade que requer cooperação entre empresas e autoridades para ajudar no aumento da velocidade de movimentação dos contêineres e na flexibilização das quarentenas de navios. Há que se considerar, ainda, o aumento das importações em todo o planeta e o bloqueio no Canal de Suez no primeiro semestre que represou as operações ainda mais. O reflexo chega através de aumento no valor do frete, consequentemente, no preço final da mercadoria transportada.

Há um histórico de negócios a ser preservado. Dados da Secretaria de Comercio Exterior (Secex) do Ministério da Economia mostram que somente de janeiro a junho deste ano, as transações entre Brasil e China cresceram 37,7% nas exportações e 25,9% nas importações, devendo superar os US$ 102,5 bilhões registrados em 2020 e podendo alcançar os US$ 120 bilhões neste ano.

O Brasil exportou US$ 46,74 bilhões no primeiro semestre para a China, que responde por mais de um terço do total ou exatos 34,4%. Em todo o ano passado, esta participação foi de 32,4%. Já em se tratando de importações, a China respondeu por 21,7% do total importado pelo Brasil, uma pequena queda no volume em relação ao ano passado. A balança comercial entre os países favorece o Brasil com um superávit de US$ 25,241 bilhões, contra US$ 33,010 bilhões de todo o ano de 2020.

Considerando janeiro a agosto, as transações comerciais com a China responderam por 67% do superávit acumulado pela balança comercial do Brasil, conforme acompanhamento do Indicador de Comércio Exterior (Icomex) do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV). O superávit pró-Brasil foi de US$ 35 bilhões, sem ela seria de US$ 17,1 bilhões.

O ponto frágil brasileiro fica por conta da pauta exportadora. São produtos básicos, de menor valor agregado e concentrados em soja, minério de ferro e petróleo bruto. Trata-se de commodities beneficiadas pela alta superior a 100% no mercado internacional em 12 meses, cuja demanda global tende a continuar crescendo.

Pauta exportadora – principais produtos

Soja…………………………………17%

Minério de ferro…………… 29%

Petróleo bruto………………..17%

Carne bovina ……………….. 4,2%

Celulose ………………………….2,9%

Na análise do economista Sérgio Melo, da SM Investimentos, embora a economia brasileira não seja totalmente atrelada a nenhuma economia do mundo, tem vinculações muito fortes no comércio internacional onde a China se destaca como o principal destino dos produtos made in Brasil. Com isto, qualquer problema que ocorra naquele mercado e que implique em redução de importações pode afetar a economia nacional. Em relação a outras questões que não envolvam trocas, ele não vislumbra respingos em território verde-amarelo.

Especificamente sobre o problema da Evergrande, ele entende que está focado na construção civil e pode ser relevante, mas não chega a preocupar porque o governo buscará uma solução por envolver uma enorme massa de pessoas.

O fato é que o mundo olha atentamente para a China. A pandemia desacelerou o crescimento econômico no segundo trimestre. Mesmo assim, o país deverá ultrapassar a meta anual de crescer 6%. E o PIB per capita deverá dobrar na próxima década por conta da ascensão à classe média de quase meio bilhão de consumidores chineses. Sem esquecer que, embora tenha sido o epicentro do coronavírus, a China deverá ser a única grande economia a crescer neste ano.

A tradução dos conteúdos é realizada automaticamente pelo Gtranslate.
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.

Top 5: Mais lidas