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Marketplaces e o futuro do comércio para empreendedores na era digital

A pandemia do novo coronavírus acelerou o processo de digitalização do comércio. E, nesse contexto, os chamados marketplaces têm se mostrado, cada vez mais como uma alternativa para disseminar a divulgação de produtos. Jonny César Oliveira, articulador do Sebrae Ceará, acredita que hoje é de extrema importância quem faz comércio estar presente no digital. “A gente percebe que todos os negócios tiveram que se reinventar durante a pandemia. Todos tiveram que fazer adequações, e esse olhar para o digital é imprescindível para que isso possa acontecer, tanto para a parte de divulgação, quanto para receber um pagamento. Realmente, é uma transformação do modo de consumir”, aponta.


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“O marketplace é uma plataforma onde pessoas que querem comprar encontram pessoas que querem vender”

Jonny César Oliveira, articulador do Sebrae Ceará

Henrique Gonzaga, assessor de gestão da Fecomércio, também destaca que, nos últimos meses, ficou muito evidente que as vendas, através de ferramentas pela internet, aumentaram de forma exponencial. “Os principais crescimentos de venda estiveram relacionados aos produtos eletrônicos, como celulares, tablets; produtos eletrônicos grandes, como geladeira, TV, rádio, aparelho de som; seguidos por produtos de vestuário, que tiveram uma grande alavancagem”, elenca.

Henrique destaca ainda que, por conta da restrição de mobilidade associada às medidas de segurança contra o coronavírus, para alguns comerciantes, as plataformas digitais estão sendo o único canal de vendas.

“Para muitas empresas, a sua viabilidade se deu através dessas plataformas. Algumas empresas só estão tendo sobrevida devido a essa situação. Em contrapartida, as empresas que estão melhor adaptadas ao mundo digital estão tendo aumento de receita significante e, consequentemente, aumento de lucros também. Essas plataformas, como os marketplaces, foram vitais para o comércio e serviços, uma vez que foram os únicos canais de venda durante os períodos de restrição mais forte”

Henrique Gonzaga, assessor de gestão da Fecomércio

Vantagens e desvantagens

Jonny César Oliveira indica que, principalmente para empreendedores, os marketplaces possuem uma grande vantagem: a infraestrutura oferecida pela própria plataforma. “Não precisa montar um site, um e-commerce, fazer toda aquela estruturação. Toda essa parte tem um custo e não é tão barato quanto entrar em um marketplace. Outra vantagem também é que o marketplace tem uma capilaridade maior”, indica.

Mas a plataforma também pode apresentar desvantagens. Dependendo de qual marketplace é utilizado, existem alguns tipos de despesas adicionais. “Você vai pagar um percentual em cima do produto que vende. E esses percentuais variam de marketplace para marketplace. E isso pode impactar no custo do seu preço final. Então, como é que seus clientes vão sentir isso? Você vai aumentar o preço e correr o risco de afastar alguns clientes ou vai reduzir a margem de lucratividade e talvez comprometer a operação?”, continua o articulador do Sebrae Ceará.

Uma outra desvantagem apontada por ele é que, no marketplace, apesar da divulgação dos produtos, é difícil divulgar a marca de maneira efetiva. “É importante que o empreendedor tenha isso em mente: ‘eu vou ter despesas adicionais, vou ter trabalhos a menos, não vou ter que estruturar um website e tudo, mas vou ter despesas adicionais e não vou ter uma divulgação forte da minha marca.’ Ele precisa avaliar as vantagens e desvantagens porque outros canais trazem outras vantagens e desvantagens”, conclui Jonny César.

Cenário cearense

Em Fortaleza, o empresário e empreendedor serial Rômulo Ferrer, que também já se destacou com participação no programa do Shark Tank, lançou a plataforma digital Corujei, voltada para a transformação digital e a aceleração de vendas para pequenas e micro empresas. Segundo ele, o marketplace é capaz de encurtar a distância do consumidor final com as lojas físicas do bairro de forma simples, direta e rápida.

“Quando o consumidor agora quiser comprar um produto, ele vai na nossa plataforma e indica o que procura. Ele seleciona o produto e escolhe suas preferências, criando um alerta ao informar sua localização, seu telefone de WhatsApp e o e-mail. Ele salva esse alerta e agora o Corujei trabalha para ele”, explica.

O marketplace encontra a loja mais perto e manda mensagem para as que têm o produto. Em seguida, o vendedor é alertado pela informação e a loja pode falar diretamente com esse consumidor. “O consumidor não precisou ir atrás do produto, de loja em loja, e a loja não precisou investir em marketing para descobrir esse cliente. Nós encurtamos a distância com a plataforma”, pontua.

Atualmente, o Corujei conta com 40 lojas cadastradas e 450 produtos listados. Rômulo compartilha que existem lojas que já venderam mais de R$ 10 mil através da plataforma. Além de auxiliar lojistas com a venda de produtos antes parados em estoque, a ferramenta possui um elevado alcance, permitindo uma grande conquista de clientes novos.

“A gente pretende se fortalecer porque o mercado não volta ao que era antes. Ele vai continuar porque a economia diminuiu seu poder aquisitivo, a população está ganhando menos, está mais sensível ao preço. A indústria está sofrendo esse impacto, o varejo está sofrendo esse impacto e, por sua vez, precisa enxugar custos. Como pode ser possível essa redução de custos? Usando ferramentas como a nossa”

Rômulo Ferrer, co-fundador do Corujei

Perspectivas

Os marketplaces fazem parte de um mercado cada vez mais fervilhante. Jonny comenta que coisas que a sociedade só esperava que acontecessem em cinco, seis anos, têm acontecido em dois meses.

“A velocidade está muito acelerada. E ao empreendedor cabe entender que a concorrência está cada vez mais maior. Você não concorre só com a lojinha do seu bairro, você concorre com o Brasil inteiro, com o mundo todo. Então é importante buscar sempre diferenciar. Essa é uma seara muito ampla e que só tende a crescer”

Jonny César Oliveira, articulador do Sebrae Ceará

O maior desafio para Henrique nos marketplaces é, assim como o comércio de rua, a competitividade. Por isso, é preciso buscar agregar valor nesse mercado. “Um comércio, para sobreviver nesse mundo e ser rentável, necessariamente precisa ter vantagens competitivas no ambiente virtual”, avalia. Ele acredita que, em um momento pós-pandemia,  o comércio de rua e marketplace vão coexistir.

“A integração entre loja física e virtual será fundamental. Afinal, ambos os processos são face de uma mesma moeda e não canais distintos”

Henrique Gonzaga, assessor de gestão da Fecomércio
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