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Para o mercado literário, 2020 foi um ano com muitas histórias para contar. Inclusive, os números do mais recente Painel do Varejo de Livros no Brasil, realizado pela Nielsen e pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL), publicado em janeiro de 2021, apontam que pelo menos 41.907.485 exemplares foram vendidos durante os 12 meses […]

Mercado editorial busca vencer desafios da pandemia

Por: Maria Babini | Em:
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Para o mercado literário, 2020 foi um ano com muitas histórias para contar. Inclusive, os números do mais recente Painel do Varejo de Livros no Brasil, realizado pela Nielsen e pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL), publicado em janeiro de 2021, apontam que pelo menos 41.907.485 exemplares foram vendidos durante os 12 meses do ano passado. Comparado ao ano de 2019, a soma mostra um crescimento de 0,87% no volume de vendas. Já na questão do faturamento, houve uma variação de menos 0,48% no valor arrecadado. Mesmo assim, o setor livreiro vem mostrando bons resultados de recuperação após o forte impacto provocado pelo novo coronavírus.


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Lucinda Azevedo, diretora da Editora IMEPH, empresa que atua no mercado editorial há 20 anos, sentiu de perto o efeito causado pela pandemia. “Em 2020, nosso faturamento foi 25% do ano de 2019. Em 2021, eu espero que melhore um pouco”, ela pontua. Segundo Lucinda, que também é produtora e articuladora cultural, o movimento de leitura já vinha caindo gradativamente no País, desde os últimos quatro anos. “Infelizmente, no Brasil, apenas 16% das casas têm livros disponíveis para as pessoas lerem. Então, como formamos leitores se eles não têm o objeto de leitura, que é justamente o livro?”, questiona.

De acordo com Goreth Albuquerque, coordenadora de Política de Livro e Leitura da Secretaria da Cultura do Ceará (Secult‐CE), a política voltada para o mercado de livros sempre foi uma das menos incentivadas no Estado, do ponto de vista histórico. Inclusive, a própria história de editoras cearenses é considerada recente, com um mercado editorial descontínuo ao longo dos anos. “Por exemplo, não temos nenhuma grande pesquisa que tenha um mapeamento dessa nossa história do livro, do processo de impressão, do campo da criação. Isso é algo que nós devemos ao povo do Ceará. Inclusive, para qualificar o processo de política pública, é necessária essa pesquisa mais ampla, que traga um mapa do que temos em termos de produção literária no Estado e de editoras”, ela aponta.

Protagonismo de oportunidades

“Quando a cadeia produtiva do lead da leitura é fomentada, estamos formando um cidadão mais consciente, além de gerar emprego, renda e autoestima para as pessoas”

Lucinda Azevedo, diretora da Editora IMEPH

Ela destaca ainda que o Ceará tem muitos escritores competentes e que, muitas vezes, não publicam ou seus livros não chegam aos leitores por falta de editora ou até mesmo incentivos por meio de editais. “Penso que se houvesse uma maior visão sobre a importância da leitura, não só como um instrumento para transformação social, mas também como uma cadeia produtiva que vai gerar emprego na indústria gráfica, vai beneficiar autor, ilustrador, revisor e diagramador. Acho que a gente tem um mercado muito amplo a ser atingido se chegarmos a ter essa visão. Porque somos, aqui no Nordeste, mais de 1.800 municípios, com 29,9% da população do Brasil. No Ceará temos cerca de 30 a 35 editoras”, ela completa.

Com quatro anos de existência e base em Fortaleza, a Aliás Editora é formada por três mulheres que incentivam a publicação de outras mulheres. Anna K Lima, Isabel Costa e Jéssica Gabrielle Lima entraram no mercado editorial independente e, assim como o mundo inteiro, também foram pegas de surpresa com a pandemia. Dentre as estratégias encontradas para se reinventar durante esse período, o formato digital foi uma das saídas. “Isso já acontecia antes, porque nós sempre tentamos colocar o livro da forma mais acessível possível. Sempre tivemos essa preocupação e nesse momento investimos mais. As pessoas começaram a nos procurar para lançar e‐books”, explica Anna K Lima, uma das fundadoras da Aliás Editora.

Goreth Albuquerque destaca o surgimento de novas narrativas que vêm mexendo com o mercado a partir dessas pequenas editoras. “Essas vozes chegam no mercado editorial, com cuidado editorial que têm junto com outras formas de produção, no sentido de buscar o diálogo, e passam a fomentar conteúdos. E aí temos uma série de outros serviços que fazem movimentar esse mercado. O uso da tecnologia, por exemplo. Muitos escritores novos têm suas publicações exibidas primeiro nas redes sociais, e depois é que são publicados de fato. Essas novas práticas de mercado editorial, de levar para as redes sociais esse conteúdo também, de alguma forma mudam o mercado”, ela avalia.

Novas histórias para 2021

Lucinda avalia que a aquisição de livros é uma questão histórica. “Desde a fundação do Brasil, o livro é um artigo de luxo que apenas as classes mais favorecidas têm acesso em qualidade e quantidade suficiente. No Ceará, existem vários projetos de incentivo à leitura, mas eu acho que, por exemplo, ainda falta ser valorizada a editora como produtora de livros”, ela observa e lembra que a Lei Federal de número 10.753, que ficou conhecida como Lei do Livro, torna obrigatório para cada escola pública e particular ter uma biblioteca em seus espaços.

“Imagine: se você tiver mil alunos, terá pelo menos 1.000 livros de tipos diferenciados dentro da escola. Tem uma ementa, dentro do Plano Estadual de Cultura, que também é de incentivo à leitura. Se todas essas legislações, que já estão em curso, forem implementadas, com certeza 2021 será um grande ano para o livro, a leitura e o mercado editorial como um todo”, completa. Já Goreth Albuquerque aponta como grande avanço para as políticas públicas a aprovação do Plano Estadual do Livro e Leitura do Ceará.

“Nós precisamos das vozes que atuam no campo do livro, da literatura, para que a gente possa, como uma de nossas propostas, ter esse plano aprovado. É um desafio, mas temos que fazer essas articulações. A Lei Aldir Blanc, por exemplo, caminhou, foi aprovada, com 95% de execução no Ceará. Então é possível também avançarmos para a aprovação desse plano”

Goreth Albuquerque, coordenadora de Política de Livro e Leitura da Secult‐CE

Em 2021, por conta da Lei Aldir Blanc, a Aliás Editora também tem muito o que comemorar. “Vamos lançar três livros em formato físico que estão sendo muito aguardados. Ganhamos um dos prêmios da Lei Aldir Blanc e isso é maravilhoso não só pelo fator emergencial, de subsídios e ajuda a pequenas editoras, mas também pelo fato dessas autoras estarem nas mais de 400 bibliotecas públicas do Estado do Ceará. É o que a gente sempre quis. Me alegra saber que, daqui a alguns meses, um estudante, uma dona de casa, uma mãe de família, alguém vai chegar nessas bibliotecas e vai ter um livro nosso lá, porque a gente demora mais a alcançar esses estados. Vamos imprimir três livros novos e fazer a reimpressão de dois outros. Temos muito trabalho pela frente”, resume Anna K Lima, uma das fundadoras da empresa.

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