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Negócios externos de aço respondem por metade da pauta exportadora do Ceará

No Ceará, os produtos de ferro e aço ocupam o primeiro lugar na pauta exportadora com US$ 947 milhões respondendo por metade dos negócios externos do Estado. FOTOS: CSP/ Divulgação

O aço brasileiro sempre teve relevante presença no desenvolvimento socioeconômico do país. Com 31 usinas operadas por 12 grupos econômicos, o setor emprega 112.222 pessoas diretamente e alcança 100 países, o que coloca o Brasil entre os grandes players, ocupando a 12ª posição no ranking mundial das exportações com 12,8 milhões de toneladas de produtos siderúrgicos. No Ceará, os produtos de ferro e aço ocupam o primeiro lugar na pauta exportadora com US$ 947,0 milhões respondendo por metade dos negócios externos do Estado. A força do setor, entretanto, não ficou imune à pandemia. Este montante já foi maior: US$ 1,19 bilhão em 2019 e US$ 1,38 bilhão apurado em 2018, como mostra a série histórica.


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Produtos de ferro e aço no Ceará

Segundo analistas de mercado, apesar da queda, trata-se de um gigantesco esforço exportador, considerando o excesso de capacidade de produção de aço no mundo, o que tem tirado o sossego das indústrias siderúrgicas mundiais. Conforme acompanhamento da World Steel Association, este volume passou de 395 milhões para 521 milhões de toneladas em 2019, o que agrava as condições no mercado internacional com a escalada protecionista e as práticas predatórias de comércio. A eleição de Joe Biden traz esperanças ao setor quanto a um reforço dos estímulos fiscais e, quem sabe, suavize as barreiras impostas por Donald Trump com elevada taxação do aço brasileiro.

Quem acredita nesta possibilidade é o presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico do Ceará (Simec), Sampaio Filho. Sua expectativa é de que na questão interna, o novo governo norte-americano deve prosseguir a política de fomentar a criação de empregos. Externamente, entretanto, o setor espera que seja retirado do regime de cotas o aço semiacabado consumido pela indústria de transformação americana. “O Brasil é o maior exportador desse tipo de aço para os EUA, com embarques de 4,7 milhões de toneladas desse produto somente em 2019”, comenta.

Otimista com a chegada da vacina contra o coronavírus, o presidente do Sindicato vê um 2021 cheio de desafios e oportunidades com aumento do índice de confiança dos investidores. Entre os indicadores positivos que sinalizam tempos promissores, Sampaio Filho lembra o fato de a Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) já estar operando com uma produção média diária de 7.500 toneladas diante de uma capacidade de 8.700 toneladas\dia, apesar da pandemia. Como liderança de classe e como diretor-presidente da Alpha Metalúrgica, ele já vem presenciando a retomada da produção desde novembro de 2019. O fato é retratado na movimentação de placas de aço na Zona de Processamento de Exportações (ZPE) do Ceará. Somente em dezembro, por exemplo, foi registrada uma alta de 36,9% sobre o mês anterior de novembro e de 19,6% sobre dezembro de 2019.

O setor siderúrgico brasileiro trabalha atualmente com um índice de ocupação de sua capacidade instalada de 68,4%, abaixo dos ideais 80%. Em outubro, o indicador alcançava 64,9%, depois de atingir 42% em abril. No acumulado do ano, a produção brasileira de aço bruto foi de 28,1 milhões de toneladas entre janeiro e novembro de 2020, o que representa uma queda de 6,7% frente ao mesmo período do ano anterior. A produção de laminados no mesmo período foi de 19,6 milhões de toneladas, queda de 6,8% em relação ao registrado no mesmo acumulado de 2019. A produção de semiacabados para vendas totalizou 7,2 milhões de toneladas de janeiro a novembro de 2020, uma retração de 9,7% na mesma base de comparação.

“Esperamos que neste ano as vendas internas aumentem 5,3%, e o consumo aparente de produtos siderúrgicos 5,8%, em comparação com 2020. O cenário positivo baseia-se na expectativa de um maior consumo de aço na construção civil, nas obras de infraestrutura, e uma maior participação da indústria nacional no setor de óleo e gás e infraestrutura”

Sampaio Filho, presidente do Simec

Exportações gerais

Considerando as exportações totais do Brasil em 2020, dados recentemente divulgados pelo secretário executivo da Secretaria do Desenvolvimento e Trabalho do Ceará (Sedet), Sílvio Carlos, com base no acompanhamento do Ministério do Desenvolvimento, da Indústria e do Comércio mostram que enquanto o Brasil registrou uma queda de 6,9% nas vendas externas totais envolvendo todos os produtos, que somam US$ 209,8 bilhões, o Nordeste viu os embarques caírem menos ficando em 4,5% (US$ 16,12 bilhões). Isoladamente, em 2020 o Ceará exportou 1,85 bilhão (-18,5%) sobre 2019.

Caminho natural para o escoamento de mercadorias cearenses para o mundo, o Porto do Pecém recebeu, em 2020, exatas 2.672.357 toneladas somente de placas de aço. Mais de 60% delas tiveram como destino os EUA (39,18%) e China (20,6%), além de outros países, como mostra o quadro:

Ampliação das exportações de placas

O Porto do Pecém movimenta as placas de aço produzidas pela Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) desde agosto de 2016. Através de seus píeres o aço cearense chega a outros portos do Brasil e do mundo. “São quase cinco anos de uma parceria que preza diariamente pelo desenvolvimento. É bem verdade que o ano passado foi extremamente desafiador, mas a solidez da relação entre o Complexo do Pecém e a CSP faz com que tenhamos boas expectativas para 2021”, pontua Danilo Serpa – presidente do Complexo do Pecém (CIPP S/A), que ainda não consolidou a performance do último ano.

Apesar do impacto direto da pandemia na atividade da CSP em abril, os meses seguintes foram de recuperação, contrariando o comportamento de grande parte das indústrias de aço do Brasil. Não foi necessário abafar o Alto-forno, equipamento que produz ferro-gusa, que se transforma em aço líquido e depois em placas de aço. Atualmente, está com sua utilização de capacidade produtiva em 68,4%, tendo recuado até 45% no ápice da pandemia. Como não houve abafamento, a empresa ficou com a utilização de 86% da capacidade produtiva.

Com mais 29 aços de alta tecnologia (HTS) desenvolvidos durante 2020, a Companhia chegou a um total de 116, o que amplia – juntamente com as exigidas certificações – as possibilidades de mercado, como o automotivo. No último exercício, a CSP despachou para mais de 23 países, entre os quais os Estados Unidos (812.592 toneladas de placas de aço), China (447.087), Brasil (409.554), México (234.651), Turquia (208.495) e Canadá (202.091).

“O bom relacionamento profissional com o Porto do Pecém, as certificações e as melhorias de processos que obtivemos em 2020 serão essenciais para buscarmos um resultado melhor ainda em 2021, gerando valor aos acionistas, fornecedores e para todo o Estado do Ceará, em especial, às nossas comunidades próximas”  

Marcelo Botelho, presidente da CSP

Os dados de exportação retratam esta realidade. Os volumes transacionados com o mercado externo abriram 2020 em 260,8 toneladas e encerraram o ano com 289,0 toneladas negociadas.

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