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Saúde e tecnologia: soluções inovadoras fortalecem healthtechs no Ceará

Atualmente, o Nordeste tem 558 startups mapeadas. Destas, 79 estão na capital cearense. Entre essas empresas, 10,6% pertencem ao segmento de atuação “saúde e bem-estar”.

Imagine o cenário onde uma ideia inovadora é capaz de impactar mais de cinco milhões de atendimentos médicos. A startup cearense IntMed Software protagonizou essa história com a criação do Medflow, um aplicativo que reúne conhecimentos de protocolos clínicos para auxiliar profissionais da área com diagnósticos mais precisos.

Fundada em 2017, a empresa faz parte do mercado das healthtechs, as startups que desenvolvem tecnologias para melhorar o sistema de saúde. O investimento nesse perfil de negócio vem mostrando diversas possibilidades de atuação no setor, que transitam da telemedicina até a gestão da qualidade hospitalar.


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Segundo Flávio Sousa, co-fundador da IntMed Software e professor do Departamento de Engenharia de Teleinformática (Deti) da Universidade Federal do Ceará (UFC), aproveitar essa aplicação de recursos pode revolucionar a experiência de diferentes atores sociais com os serviços de saúde.

“Essa inovação traz benefícios aos pacientes, pois fortalece a segurança deles com uma consulta mais resolutiva. É uma ferramenta que assiste aos profissionais da saúde, principalmente médicos, em pontos importantes para melhorar a qualidade do atendimento. E ainda ajuda os gestores, nos âmbitos público e privado, com indicadores que orientam uma tomada de decisão mais assertiva”, explica.  

Além de aplicativos, a IntMed Software também empreende com soluções customizadas de transformação digital em grandes grupos. “Já mudamos a forma como um hospital funciona, por exemplo, desde o momento em que o paciente chega, vai para a emergência, até ser internado. Padronizamos um atendimento que segue um fluxo mais prático e coeso. E isso traz resultados excelentes para todos os envolvidos no contexto”, compartilha Flávio.

Terra da Inovação

O Ceará é referência em hub tecnológico e ocupa o segundo lugar como maior do mundo, conforme dados da TeleGeography, que faz pesquisas sobre o mercado de telecomunicações. Localizado na capital, o ecossistema onde nascem as startups na região é chamado de Rapadura Valley. O grupo, inclusive, foi premiado no começo deste mês na categoria comunidade do ano na Startup Awards 2020, o maior prêmio de inovação do Brasil, organizado pela Associação Brasileira de Startups (Abstartups).

De acordo com a Abstartups, Fortaleza vem se tornando um polo de inovação forte do Nordeste. Atualmente, a região tem 558 startups mapeadas. Destas, 79 estão na capital cearense. Entre essas empresas, 10,6% pertencem ao segmento de atuação “saúde e bem-estar”. 

“Fortaleza ainda tem poucas startups de saúde, se compararmos com os números do Sul, do Sudeste. Mas vemos sempre novas healthtechs surgindo. Por esse fator, a gente acredita que haverá um crescimento nos próximos meses”, pontua Flávio Sousa.

Se depender do hub de inovação do Instituto do Câncer (ICC), o ICC BioLabs, as healthtechs vão crescer mesmo no Ceará. A estrutura é referência nacional no desenvolvimento de tecnologias e soluções avançadas para o setor da saúde. Atualmente, 14 startups em diferentes fases tiram suas ideias do papel para resolver problemas desse mercado. 

O ICC BioLabs é gerenciado por Marina Lecas e funciona como uma aceleradora de startups, provendo as equipes com mentorias e investimento financeiro. Esse, aliás, é um dos principais desafios de quem decide se aventurar pelo empreendedorismo na área da saúde.

Desafios futuros

A Abstartups também aponta que, apesar de manter um sistema de startups bem estruturado, o financiamento do setor ainda é frágil no Ceará. “Talvez agora, com o aumento do dólar, o investimento internacional ganhe mais força nessa região”, analisa o doutor Alexandre Cavalcanti, mentor da Cordel Ventures, uma aceleradora de startups. “Mas um dos principais desafios é ainda a falta de investimento”, pontua.

É possível que, dentro do contexto da pandemia, a tendência seja a mudança desse cenário. Se antes a inserção da tecnologia dentro da saúde caminhava de modo bem lento, com a urgência provocada pela chegada do novo coronavírus, regulamentações que burocratizavam processos como a telemedicina tornaram-se mais flexíveis e velozes. “Um amigo que estava com suspeita de Covid-19, por exemplo, conseguiu ser assistido sem precisar sair de casa”, contou o doutor Alexandre. Para ele, as tecnologias já estão transformando o perfil dos usuários no setor da saúde.

“Eu costumo dizer que o nosso principal concorrente ainda é o papel”, brinca Flávio Sousa, cofundador da IntMed Software. “Mas eu acredito que em um futuro não tão distante, a gente vai ter muito mais tecnologia incorporada aos serviços de saúde, fazendo parte do dia a dia de modo geral. Pacientes sendo monitorados com aplicativos coletando informações. Acompanhamento remoto de pacientes oncológicos. Teremos mais assertividade nos atendimentos. Tudo, claro, sem abrir mão da qualidade. A segurança do paciente é o essencial em qualquer sistema”, finaliza. 

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